11148639_646469445385290_5460678878335528154_n (1)Muitos fiéis se alegram em ouvir falar da misericórdia divina e esperam que a radicalidade do Evangelho possa ser mitigada também em favor de quem fez a escolha de viver em ruptura com o amor crucificado de Jesus. Pensam que por causa da infinita bondade do Senhor tudo é possível, mesmo decidindo não mudar nada em suas vidas. Para muitos, é normal que Deus verta sobre eles sua misericórdia enquanto habitam no pecado. Não entendem que a luz e as trevas não podem coexistir, apesar dos múltiplos apelos de São Paulo: “Que diremos então? Que devemos continuar pecando para que abunde a graça? Certamente não!” […] Esta confusão exige respostas rápidas. A Igreja não pode seguir em frente como se a realidade não existisse: não pode contentar-se com entusiasmos efêmeros que duram o espaço de grandes encontros ou de assembleias litúrgicas, por mais belas e ricas que sejam. Não podemos evitar por mais tempo uma reflexão prática sobre o subjetivismo como raiz da maior parte dos erros atuais. De que serve saber que a conta do Twitter do Papa é seguida por centenas de milhares de pessoas se os homens não mudam suas vidas de maneira concreta? De que serve conformar-se com as assombrosas cifras das multidões que se rendem e se convertem ante os Papas se não temos garantias de que estas conversões são reais e profundas? […]

Robert Sarah avec Nicolas Diat, “Dieu ou rien. Entretien sur la foi”. Paris: Fayard, 2015