No mesmo dia em que o Santo Padre João Paulo II instituiu a Festa Litúrgica do Domingo da Misericórdia Divina também reconheceu a santidade da Irmã Faustina, colocando o nome desta santa no catálogo dos Santos.
Nesse solene dia, em sua homilia, o Papa João Paulo II dirigiu a ela, as memoráveis palavras:
“E tu, Faustina, dom de Deus ao nosso tempo, dádiva da terra da Polônia à Igreja inteira, obtém-nos a graça de perceber a profundidade da misericórdia divina, ajuda-nos a torná-la experiência viva e a testemunhá-la aos irmãos! A tua mensagem de luz e de esperança se difunda no mundo inteiro, leve à conversão os pecadores, amenize as rivalidades e os ódios, abra os homens e as nações à prática da fraternidade. Hoje, ao fixarmos contigo o olhar no rosto de Cristo ressuscitado, fazemos nossa a tua súplica de confiante abandono e dizemos com firme esperança: ‘Jesus, eu confio em Vós!’ ‘Jezu, ufam tobie!’”.
Esta grande santa, chamada por Jesus de Secretária da Sua Misericórdia é por muitos considerada Doutora da Igreja. A partir das anotações em seu Diário e dos testemunhos daqueles que com ela conviveu deixamos ao leitor uma reflexão sobre a necessidade de colocarmos a nossa língua a serviço da misericórdia, por meio do silêncio.
Assim o apóstolo Tiago nos adverte em sua carta:
“Aquele que não peca no falar é realmente homem perfeito, capaz de refrear todo o corpo. (…) A língua, embora seja pequeno membro do corpo, se jacta de grandes feitos! Notai como pequeno fogo incendeia floresta imensa” (Tiago 3, 2-5).
Santa Faustina era muito consciente deste grande perigo: por isso, em seu Diário, encontramos muitas referências que nos mostram como lutava para ter uma língua bem controlada, ao serviço do bem do próximo. Também nos ensina que devemos rezar com frequência ao Senhor para que nos dê uma língua pura e misericordiosa:
“Ajudai-me, Senhor, para que a minha língua seja misericordiosa, de modo que eu nunca fale mal dos meus irmãos; que eu tenha para cada um deles uma palavra de conforto e de perdão” (Diário, 163).
Também ela, em meio às provações, estava submetida à tentação de queixar-se ou falar mal dos demais. Por isso, exercitava-se especialmente na difícil arte de calar:
“Nos momentos em que muito sofro, procuro calar-me, porquanto não confio na língua que em tais momentos tem a tendência de falar de si mesma, e ela deve servir-me para glorificar a Deus por tantos bens e dons que me concedeu” (Diário, 92).
Santa Faustina dizia que a língua devia servir para louvar a Deus por seus benefícios e pelos dons que nos concede. Por isso, pedia a Jesus que curasse a sua língua para que não ofendesse a Deus nem ao próximo, mas que O louvasse sem cessar.
“Quando recebo a Jesus na santa Comunhão, peço-Lhe com fervor que se digne curar a minha língua, para que não ofenda com ela a Deus, nem ao próximo. Desejo que a minha língua incessantemente glorifique a Deus. Grandes são os erros cometidos pela língua. A alma não atingirá a santidade se não tomar cuidado com a sua língua” (Diário, 92).
Podemos, portanto, pedir-lhe que nos alcance a graça de poder dominar a língua, para consagrá-la completamente ao serviço da Divina Misericórdia.
As palavras misericordiosas são palavras cheias de bondade e afabilidade. A bondade é uma disposição do coração que nos leva a fazer o bem ao próximo, sempre e em toda parte. Ao desejar o bem verdadeiro do próximo, uma pessoa boa vela sobre sua mente, com o fim de, mesmo identificando as falhas e pecados, não julgar as pessoas.
Uma pessoa misericordiosa, seguindo o exemplo de Santa Faustina, vigia os próprios pensamentos e sentimentos para evitar, na relação com o próximo, qualquer palavra que possa ferir e todo ato que termine por prejudicá-lo.
Santa Faustina procurava com grande esforço evitar que, através de seus lábios, saíssem palavras de desânimo, de queixas ou de murmuração. Pedia com todas as suas forças para Jesus na Eucaristia: “Hóstia santa, sustentai-me e fechai os meus lábios para murmurações e queixas. Quando me calo, sei que irei vencer” (Diário 896). E Jesus a advertia: “Foge dos que murmuram como da peste.” (Diário 1760).
Texto adpatado – extraído da Revista Divina Misericórdia, edição 046 – Outubro