Oração a Santa Cruz
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Ó, Santa Cruz,
em Vós foi suspenso o meu Senhor
com angústia de morte e cheio de dor.
Aí, com uma lança e pregos,
os membros foram perfurados,
mãos, pés e lado trespassados.
Quem Vos poderá louvar quanto baste?
Porque, Vós, todo o bem envolvestes
e com ele a nós enchestes.
Vós sois guia seguro
que nos leva à vida
que Deus eternamente dá.
Vós sois a ponte forte,
sobre a qual todos os fiéis
sobem durante as cheias.
Vós sois a vitória
diante da qual o inimigo,
só de olhar, estremece.
Vós sois o cajado do peregrino,
sobre o qual ondulamos seguros,
não tropeçamos nem caímos.
Vós sois a chave do Céu,
Vós encerrais a vida
que nos dais.
Mostrai a Vossa força e poder,
protegei-nos a todos
pelo Vosso santo nome.
Para que nós, filhos de Deus,
possamos morrer em paz,
como herança em Vosso reino.
Amém.
(Constança, Alemanha – 1600).
Celebramos hoje a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Por isso, precisamos ter em mente, antes de tudo, que na Cruz de Cristo estão presentes duas realidades, das quais só uma constitui o objeto próprio dessa comemoração. Por um lado, o que vemos na Cruz do Senhor é um crime terrível, o crime do deicídio, perpetrado por aqueles judeus furiosos — e com eles toda a humanidade pecadora — que há dois mil anos fizeram de tudo para calar a Palavra encarnada. Este mistério tremendo, é claro, não é nem poderia ser o que a Igreja hoje venera e festeja. Sucede, porém, que Deus dispôs em sua sapientíssima Providência que do maior pecado que poderíamos cometer, o ignominioso assassinato de seu Filho bem-amado, viria a maior de todas as bênçãos: a salvação e as graças superabundantes que escorrem, como seiva de vida, das chagas gloriosas do Redentor. Daí, pois, que na Cruz de Cristo tenhamos, por outro lado, a expressão de um amor infinito.
É nas palavras da consagração eucarística, pronunciadas pelo Senhor na ceia de sua última Páscoa, que o mistério da Cruz é expresso com clareza: “Tomai e comei, isto é o meu corpo […] Bebei dele”, do cálice da Nova e eterna Aliança, “porque isto é o meu sangue […], derramado por muitos homens em remissão dos pecados” (Mt 26, 27s). Com efeito, Deus “amou tanto o mundo”, diz-nos hoje o evangelista São João, “que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. Ora, se é o amor de Cristo, presente agora de forma incruenta na Missa, o que veneramos e exaltamos ao, prostrados em adoração, festejarmos sua Santa Cruz, então é claro que não podemos voltar criminosamente a crucificá-lO em nosso coração, fazendo-nos escravos do pecado, do qual Ele nos veio libertar. Com a alma transbordante de alegria por nos sabermos amados com tão grande amor, façamos o firme propósito de evitar por todos os meios o pecado, que levou Nosso amantíssimo Senhor a pregar-se num madeiro, a fim de que, entre dores lancinantes, brotassem de suas chagas as delícias de caridade que gozaremos em plenitude no Reino que Ele mesmo nos franqueou.
Fonte:
YOUCAT, Orações para os jovens
Padre Paulo Ricardo