LEITURA ORANTE

∙ Procure um lugar tranquilo e solitário que favoreça o recolhimento e a escuta.

∙ Coloque-se em uma postura confortável, acalme-se, respire fundo.

∙ Peça a presença do Espírito Santo para iluminá-lo e dar a graça de um coração sensível, capaz de ouvir a voz de Deus.

 

“1.Naqueles tempos apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. 2.Este recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria. 3.Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade. 4.Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, 5.para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. 6.Estando eles ali, completaram-se os dias dela. 7.E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria. 8.Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. 9.Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. 10.O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: 11.hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. 12.Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura. 13.E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: 14.Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens que ele ama. 15.Depois que os anjos os deixaram e voltaram para o céu, falaram os pastores uns com os outros: Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou. 16.Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura. 17.Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. 18.Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores. 19.Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração. 20.Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito”. (Lucas 2, 1-19)

 

1 – Leitura (Lectio)

Leia e releia o texto evangélico, procurando imaginar os detalhes da narração.

As palavras não conseguem expressar todo o significado de um acontecimento, quanto mais o mistério do nascimento de Jesus. O amor exercerá então um fundamental trabalho. Há alguma coisa que o amor não seja capaz de realizar?

Deus sempre se encarrega de enviar mensageiros para comunicar Sua vontade, neste caso enviou aos pastores um anjo. O anjo após comunicar a mensagem, retirou-se. Assim pode acontecer conosco.

Os pastores seguiram a indicação do anjo, foram até Belém e encontraram Maria, José e o menino que é o Cristo Senhor.

Maria guardava e meditava todos esses acontecimentos em seu coração.

Os pastores voltaram para casa glorificando a Deus, por tudo o que tinham visto e ouvido.

 

2 – Ruminação (Ruminatio)

Ruminando esta palavra, com certeza alguma palavra ou cena chamaram nossa atenção. Dê singular valor a isto, tentando descobrir o motivo. Permita que a luz deste Mistério ilumine sua história e reconheça que você não é tão grande e poderoso como parece.

Quando deve nascer uma criança, os pais e os parentes fazem grandes preparativos, especialmente por ocasião do nascimento de pessoas poderosas – de sangue real. Aqui nasce o Rei dos reis, mas tudo permanece em silêncio. Maria e José constituem a única corte real, e o boi com o burro – os representantes das criaturas irracionais, a palha dura na manjedoura e as trevas espessas – eis todo o ambiente. No entanto, existe aqui uma beleza de outra índole, outro tipo de grandeza: eis que Cristo nasce de uma Virgem; Ele que havia concebido por obra do Espírito Santo. Efetivamente nisto, sim, há uma extraordinária beleza e grandeza, é um milagre inaudito que o mundo não percebe, nem sequer reconhece ou aprecia. Nasce em meio ao silêncio da noite porque é o Rei da paz interior e exterior.

O menino Jesus permanece calado, mas já tem consciência da Sua missão, porquanto detém o poder e a vida divina. Ele dorme, mas sabe de tudo o que acontece em volta, porque “não dorme, nem cochila o vigia de Israel”[1] Se derrama lágrimas, é apenas de compaixão para conosco. A Sua silenciosa respiração é em si mesma mais forte que o bramido do mar. O Seu olhar aponta o caminho às estrelas e às nações. Do seu pequeno Coração eleva-se para o Pai celestial um sacrifício de honra e adoração. Sua oração é uma ação de graças em nome de toda humanidade, é a renovação da promessa: “Eis que eu venho”[2]. Pela primeira vez olha para Sua Mãe, estende para ela Suas mãozinhas, com indizível ternura envolve com o olhar a José – Seu Protetor e, finalmente, em espírito olha misericordiosamente também para todos nós, porquanto veio para nossa salvação.[3]

 

3 – Oração (Oratio)

Maria tinha motivos de sobra para murmurar, revoltar-se contra Deus, contra José que não tinha dinheiro para pagar um alojamento confortável, contudo ela meditava e guardava no coração todos os fatos, pois sabia que o Poderoso havia feito grandes coisas em seu favor e Santo era Seu nome.[4]

Eu tenho consciência que também em minha vida, grandes coisas Deus tem realizado?

O Rei do universo teria direito de um luxuoso berço trabalhado em ouro, mas teve uma manjedoura de palha e como sala do trono uma estrebaria. Do que eu preciso mesmo?!

Deposite seu coração no coração do menino DEUS.

4 – Contemplação (Contemplatio)

Ensinava Santo Inácio em seus Exercícios Espirituais, que devíamos pegar mentalmente o menino em nossos braços, leva-lo até nosso rosto, sentir suas macias mãos acariciar-nos e ouvir as palavras “Não tenhas medo, eu sou o seu Salvador!”.

Ele é acessível a todos de uma forma que toca e derrete até mesmo os corações mais insensíveis.

Na medida em que contemplamos o visível bebê de Belém, “aprendemos a amar nele a divindade que não vemos”[5]

Um cristão, com a graça do Natal, só pode ser uma pessoa serena, esperançosa, confiante e alegre![6]

 

“Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz
aos homens que ele ama.”
Feliz Natal!

 

 


[1] Sl 121,4.

[2] Sl 40,8.

[3] SOPOCKO, Miguel. A misericórdia de Deus em suas obras. 2015. p.129-130, 1ª ed. Editora Apostolado da Divina Misericórdia, Curitiba 2015.

[4] Cf. Lc 1,49.

[5] Prefácio do Natal do Senhor I.

[6] KELLY, Francis D. Reflexões para as festas litúrgicas. p.43, Ed Ave Maria, 2015.

Ir. Gabriel Maria Mãe da Misericórdia, FGMC
Mosteiro da Divina Misericórdia