Uma verdadeira lição sobre a esperança
Quem são os inimigos da esperança? A esta pergunta o Papa Francisco tentou dar resposta durante sua catequese na Audiência Geral de quarta-feira (27), na qual convidou a combater a tristeza e a melancolia.
O Santo Padre manifestou que “não é verdade que ‘enquanto há vida há esperança’, como se costuma dizer. Ao contrário: é a esperança a que mantém a vida em pé, a protege, preserva e fez crescer. Se os homens não tivessem cultivado a esperança, se não tivessem se apoiado a esta virtude, jamais teriam saído das cavernas e não teriam deixado marcas na história do mundo”.
Francisco fez alusão ao poeta francês Charles Péguy, que “nos deixou páginas estupendas sobre a esperança” e afirma que “Deus não se surpreende tanto pela fé dos seres humanos, nem mesmo por sua caridade; mas o que verdadeiramente o enche de maravilha e comoção é a esperança”.
O Papa recordou “os rostos de tanta gente que passou por este mundo – agricultores, pobres, operários, migrantes em busca de um futuro melhor – que lutaram tenazmente não obstante a amargura de um hoje difícil, cheio de tantas provações, animados porém pela confiança de que os filhos teriam uma vida mais justa e mais serena”.
“A esperança é o impulso no coração de quem parte deixando a casa, a terra, às vezes familiares e parentes, para buscar uma vida melhor, mais digna para si e para os próprios familiares, para buscar uma vida melhor, mais digna para si e para seus entes queridos”.
O Bispo de Roma reconheceu que a esperança “não é virtude para pessoas com o estômago cheio”, motivo pelo qual “os pobres são os primeiros portadores da esperança”.
“Às vezes, ter tido tudo na vida é um infortúnio. Pensem em um jovem a quem não foi ensinada a virtude da espera e da paciência, que não teve que suar por nada, que queimou as etapas e aos vinte anos ‘já sabe como funciona o mundo’. Está destinado à pior condenação: a de não desejar mais nada. Parece um jovem, mas já entrou o outono em seu coração”.
“Ter a alma vazia é o pior obstáculo à esperança. É um risco do qual ninguém está excluído, porque ser tentados contra a esperança pode acontecer também quando se percorre o caminho da vida cristã”.
Francisco também denunciou a tentação de cair em “os dias monótonos e enfadonhos”, nos quais “nenhum valor mais parece merecer algum esforço. É ácido, como o definiam os Padres”.
E quando isso acontece, “o cristão sabe que aquela condição deve ser combatida, nunca aceita passivamente. Deus nos criou para a alegria e para a felicidade, e não para nos emaranharmos em pensamentos melancólicos”.
O Papa convidou, então, a “cuidar do próprio coração” para se opor “às tentações de infelicidade, que certamente não provêm de Deus”.
E quando “nossas forças parecem fracas e a batalha contra a angústia é dura, podemos sempre recorrer ao nome de Jesus. Podemos repetir aquela oração simples, que encontramos partes também nos Evangelhos e que se tornou a base de tantas tradições espirituais cristãs: Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim pecador!”.
“Não estamos sozinhos na luta contra o desespero. Se Jesus venceu o mundo, é capaz de vencer em nós tudo aquilo que se opõe ao bem. Se Deus está conosco, ninguém nos roubará aquela virtude de que temos necessidade para viver. Ninguém nos roubará a esperança”.
Fonte: Aleteia