Certa vez a Irmã Faustina recebeu um pedido especial de Jesus: Desejo que faças o sacrifício de ti mesma pelos pecadores (Diário, 308). E Faustina responde positivamente a este pedido de seu Amado, era final de março de 1934, uma Quinta-feira Santa.

De acordo com a mensagem do Anjo a José, a missão de Jesus era justamente “salvar o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21). Desta forma, podemos compreender que Jesus pedia à Irmã Faustina que o ajudasse na realização desta Sua missão.

Procuremos compreender melhor este ato de sacrifício, ou oferecimento, realizado pela Irmã Faustina (cf. Diário, 309).

Quais são as testemunhas do sacrifício?
As testemunhas são: o céu e a terra; os coros dos anjos; a Santíssima Virgem Maria; as potestades celestes. Faustina não se esconde, ela não tem medo de sofrer publicamente pela salvação dos pecadores. E com certeza estas testemunhas celestes, especialmente a Virgem Maria e os anjos, intercediam pela Irmã, para que ela fosse capaz de cumprir com fidelidade o pedido de Jesus.

A quem é dirigido o sacrifício?
Em uma das invocações nos Louvores à Misericórdia (cf. Diário, 949), nós rezamos com estas palavras: “Misericórdia divina, fonte que brota do mistério da Santíssima Trindade, eu confio em Vós”. A relação plena de amor entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo é a fonte primeira da Misericórdia. Por isso, é ao Deus Uno e Trino que a Irmã Faustina faz o seu oferecimento pelos pecadores. Ela oferece seu sacrifício de amor Àquele que é Amor.

Com quem Faustina está unida neste sacrifício?
No oferecimento de si mesma, a Irmã Faustina se uniu especialmente com Jesus Cristo, pois é Nele que ela encontraria a força para suportar as provações. Faustina tinha consciência de que somente unida ao seu Mestre seria capaz de oferecer um sacrifício agradável e aceito por Deus.
Certa vez, o próprio Jesus disse a Faustina que somente o sacrifício “repleto de amor” tem valor (cf. Diário, 1316). Aqui vemos a necessidade da união com Ele, pois o sacrifício perfeito de amor foi a Sua paixão, morte e ressurreição. Assim, Faustina queria manifestar que, pelo seu sacrifício, se unia ao Cristo crucificado e ressuscitado, pois é Ele o Salvador das almas.

Faustina é obrigada a fazer este sacrifício?
Não. Ela aceita o chamado de Jesus e se oferece espontaneamente. Faustina é consciente de que aquele ato de sacrifício poderia lhe provocar sofrimentos e tribulações, mas seu desejo de ser canal da misericórdia de Deus na vida dos pecadores superava os seus possíveis medos. Ela não tinha medo porque, como dizia, estava unida a Jesus.

Por quem ela faz o sacrifício?
O sacrifício é oferecido pela conversão das almas que perderam a esperança na misericórdia de Deus, por aqueles que não confiam na bondade do Senhor. Como sabemos, a confiança é o elemento central na devoção a Jesus Misericordioso.
A falta da confiança na Misericórdia é uma armadilha do inimigo; ele tenta convencer o pecador de que não adianta mais pedir perdão, de que ele não é mais merecedor da misericórdia de Deus, de que não existe mais salvação para ele. Mas esta é apenas uma tentação. E precisamos cuidar porque não aceitar a misericórdia de Deus e a salvação que Ele nos oferece consiste em pecar contra o Espírito Santo (Mt 12,31-32).
Faustina se oferece justamente para libertar os pecadores deste engano do diabo que tenta nos separar do amor de Deus.

Em que consiste o sacrifício?
O sacrifício consiste em aceitar, de acordo com a vontade de Deus, os “sofrimentos, receios e temores que oprimem os pecadores”. E, ao mesmo tempo, Faustina oferece aos pecadores os consolos provenientes da sua convivência com Deus. Em outras palavras, Faustina aceita carregar o pesado fardo provocado pelos pecados, e em troca oferece aos pecadores as graças que alcança no seu relacionamento de amor com Deus. De acordo com suas palavras, ela oferece aos pecadores os “consolos que tenha na alma”.
Isto recorda as palavras de Jesus: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos dareis descanso” (Mt 11,28).
Os sacrifícios eram realizados especialmente na participação nas Santas Missas, nas Santas Comunhões, nos momentos de penitência, mortificações e orações. E aqui podemos compreender ainda melhor a união da Irmã Faustina com Jesus, pois em todos estes atos, especialmente a Missa com a Comunhão, é Ele o protagonista, é Ele quem vem ao encontro dela, para fazer morada em seu coração. O sacrifício de Faustina é o sacrifício de Jesus: é sacrifício de amor.
Desta maneira, Faustina se torna uma fonte através da qual Jesus faz jorrar seu “Sangue e Água” para lavar os pecadores e purificá-los de seus pecados.

Caros devotos da Misericórdia, foi por cada um de nós que Faustina se sacrificou. Peçamos a Deus a graça de que seu oferecimento não seja em vão, mas que alcance para nós especialmente a graça da conversão. E que também nós tenhamos a coragem de oferecer nossos sacrifícios e orações pela conversão dos pecadores. Como Faustina, sejamos canais através dos quais a misericórdia de Deus alcance os corações dos pecadores.
Unamos nossa voz à de Faustina e rezemos: “Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós!”.

 

 

 

 

 

TEXTO: Padre Eli Carlos Alves de Sousa, MIC | 2022 – Março/Abril – ED. 83 – ANO XV | EDITORA APOSTOLADO DA DIVINA MISERICÓRDIA.