O comportamento suicida surge em decorrência de doenças mentais e psicológicas, por isso é preciso identificar essas mudanças comportamentais desde o início. A família, os amigos ou pessoas próximas podem ajudar nesse processo de diagnóstico.

Segundo o doutor Rodrigo Assumção, psiquiatra, psicanalista, pós-graduado em Hebiatria e formado em Ciências da Religião, a depressão é o maior fator de risco para o suicídio. É preciso combater os fatores que desencadeiam a depressão com a ajuda de profissionais da saúde, além da espiritualidade, que auxilia no tratamento.

Qual é o perfil do suicida? Como salvar alguém que deseja cometer suicídio?

Dr. Rodrigo Assumção: O comportamento da pessoa precisa ser observado, além de outras mudanças como a verbalização, a maneira de se vestir e a repentina alteração de humor, pois o possível suicida pode estar querendo afastar as pessoas para cometer tal ato. As pessoas que dão esses sinais, provavelmente, suicidam-se, pois, na maior parte dos casos, é a única solução que encontram para a crise emocional que estão passando.

Quais são as probabilidades de um homem ou uma mulher cometer suicídio?

Dr. Rodrigo Assumção: Não existe uma relação entre mais homens ou mulheres a cometer suicídio, pois estão na mesma proporcionalidade. As mulheres podem ter uma tendência um pouco maior devido ao número de tarefas que acumulam ao longo do dia, mas nada expressivo.

A fé ajuda no tratamento?

Como a espiritualidade e a terapia podem contribuir nesses casos?

Dr. Rodrigo Assumção: Costumamos indicar a esses pacientes a psicoterapia, tratamentos alternativos, atividade física, medicamentos quando necessários, uma boa alimentação e fé.

Sempre pergunto aos pacientes que vão ao meu consultório como está a fé deles, porque ela é um fator de proteção eficaz. Pesquisas comprovam que as pessoas que possuem fé tem uma melhor resposta aos tratamentos.

De acordo com um artigo publicado no Scielo, maior portal científico do mundo, a fé é um dos fatores que ajudam nos tratamentos médicos. Não sou eu quem está falando isso, mas a ciência está dizendo que Deus é o refúgio presente na vida dessas pessoas.

A fé ajuda muito na recuperação desses pacientes, pois é perceptível e impressionante; sem contar que a diferença é grande. Para termos uma ideia, uma pessoa que tem fé, em uma cirurgia cardíaca, ela se recupera em oito dias; e a que não tem fé se recupera no dobro do tempo. Então, a fé é a ciência podem estar ligadas sim.

Fatores que podem levar a autodestruição

Sabemos que um momento grave de depressão, desespero, angústia prolongada, entre outros, pode debilitar psiquicamente a pessoa de maneira tão grave, que ela possa buscar refúgio na morte, mesmo sem a desejar em si mesmo. Por isso, a Igreja recomenda rezar pela alma do suicida, sem se desesperar de sua salvação.

Nosso Catecismo deixa claro que: “Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida” (CIC § 2283).

O importante, então, é não se desesperar com a morte suicida da pessoa amada, mas oferecer a Deus por ela as orações e, principalmente, a Santa Missa pela salvação e sufrágio de sua alma.

O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano

A Igreja sempre nos ensinou que não somos proprietários da nossa vida, mas sim Deus, por isso não podemos cometer suicídio. “Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para honra dele e salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela” (Catecismo da Igreja Católica § 2280).

O suicídio é contrário ao amor de Deus

Por isso, o suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. O autoextermínio ofende também o amor do próximo, porque rompe injustamente a comunhão com as pessoas amadas da família e da sociedade. Muitas vezes, a família pode ficar desamparada com a morte do pai ou da mãe. Sobretudo, a autodestruição é contrária ao amor do Deus vivo.

Não podemos dizer que aquele que se suicidou esteja condenado por Deus. Antigamente, muitos pensavam assim, mas a Igreja não confirma isso. Diz o Catecismo da Igreja Católica: “Distúrbios psíquicos graves, angústia ou medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida” (CIC § 2282).

Fonte: Canção Nova