Ser cristão em um país muçulmano, como o Catar, não é fácil. E ser padre, então, é mais difícil ainda.
Quem conta é o padre Charbel Mhanna, que tem origem libanesa e está no Catar há 9 anos. E neste país exibições públicas da religião cristã são proibidas.
O padre Charbel atua na paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Doha. Acompanhe o seu testemunho.
Como é ser padre no Catar
Em entrevista à ACI Mena, parceira de notícias da agência CNA no Oriente Médio, o padre Charbel fez um relato sobre como acontecem suas atividades pastorais no Catar.
Logo, ele conta que quando precisa adquirir vinho para a celebração, precisa usar um cartão especial emitido pelo governo do Catar. E então adquirir o vinho no único local que vende álcool para residentes no país.
Mas essa não é a única dificuldade. Ele explicou que as igrejas católicas não podem exibir externamente sinos ou cruzes.
Além disso, conta que “não é possível pregar ou conceder o sacramento do batismo aos descendentes de não cristãos ou converter de uma religião para outra”.
Contudo, padre Charbel afirma que nunca enfrentou censura em suas homilias dentro da igreja. E que é livre para realizar seu pastoreio entre os católicos no Catar, sendo que muitos são trabalhadores estrangeiros.
Também conta:
“Damos a Comunhão Eucarística aos pacientes nos hospitais sem nenhum problema e podemos rezar nos cemitérios, pois existem túmulos para os não muçulmanos”.
Contudo, quando se trata de casamentos, o padre só pode celebrar o matrimônio entre dois cristãos. Sendo assim, quando um cristão quer se casar com um muçulmano, “costumamos convidá-los para se casarem em outro país”, que permita a união.
Qatar Religious Complex
Em 2008 foi inaugurado um complexo que abriga seis igrejas diferentes cristãs. É o Qatar Religious Complex. E dentro dele estão as igrejas católica romana, anglicana, ortodoxa síria, grega ortodoxa, ortodoxa copta e um grupo interdenominacional para cristãos expatriados indianos.
Logo, as procissões religiosas só podem acontecer dentro das paredes desse complexo. E também a distribuição de Bíblias só pode ser feita neste local.
Estima-se que existem cerca de 300 mil católicos vivendo no Catar. Logo, todos são trabalhadores migrantes, principalmente das Filipinas e da Índia. Mas há também muitos italianos e franceses.
Contudo, a comunidade católica também luta com a restrição ao número de padres permitidos no país. Além disso, enfrentam também a capacidade limitada de pessoas dentro da igreja católica dentro do complexo religioso.
Todavia, o sacerdote conta que está supervisionando a construção de uma nova igreja católica no Catar. Trata-se de uma igreja católica maronita que terá capacidade para 1.500 pessoas. De acordo com o sacerdote, o cardeal Bechara Boutros Rai, patriarca maronita, lançou a pedra fundamental dessa igreja em 2018. Atualmente a igreja está em fase de conclusão.