O último “compromisso” do Papa Francisco na Polônia foi o encontro com os voluntários da Jornada Mundial da Juventude, no Ginásio de Esportes Tauron, distante 10 km de Cracóvia.

O encontro teve início com o testemunho de dois voluntários – uma polonesa e um panamenho – que confirmam ao Papa os dons recebidos desta e das outras JMJ, vividas no serviço, ajudas extraordinárias por escolha de vida pessoal, coerente com a fé, e a pertença à Igreja.

Comovente foi a leitura – feita pelo irmão – de uma carta escrita por um jovem gráfico polonês, a quem se deve toda a cenografia da JMJ em Cracóvia, falecido devido a um tumor no início de julho.

Francisco iniciou o seu pronunciamento aos jovens voluntários lendo o texto que havia preparado – de seis folhas: “Caríssimos voluntários – disse – antes de voltar para Roma, sinto o desejo de vos encontrar e, sobretudo, agradecer a cada um de vocês pelo empenho, a generosidade e a dedicação com que acompanharam, ajudaram e serviram a milhares de jovens peregrinos. Graças também pelo vosso testemunho de fé que, unido ao de tantíssimos jovens provenientes de todas as partes do mundo, é um grande sinal de esperança para a Igreja e para o mundo. Doando-vos por amor a Cristo, vocês experimentam o quanto é bonito comprometer-se por uma causa nobre”.

Deixando o texto de lado, por achá-lo “chato”, Francisco o entregou e começou a falar de improviso em espanhol.

“Preparar uma Jornada da Juventude – afirmou – é uma aventura, quer dizer colocar-se em uma aventura e chegar. Chegar, servir, trabalhar, fazer e depois despedir-se. Portanto, antes de tudo, a aventura, a generosidade. Eu quero agradecer a todos vocês, voluntários, voluntárias, benfeitores, por tudo o que fizeram. Quero agradecer pelas horas de oração que fizeram, porque sei que esta Jornada foi colocada ao lado de muito trabalho, mas também muita oração. Obrigado aos voluntários que dedicaram um tempo à oração, para que pudéssemos seguir em frente assim”.

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Foto: David W Cerny/Reuters

“Obrigado aos sacerdotes, aos sacerdotes que vos acompanharam; obrigado às religiosas, que vos acompanharam; obrigado aos consagrados e obrigado a vocês que entraram nesta aventura, com a esperança de conseguir chegar ao final”.

Ter memória

“O bispo, quando fez a apresentação, disse a ele – não sei se entenderão esta palavra – um cumprimento adulatório: “Vocês são a esperança do futuro”. E é verdade! Porém, sob duas condições. Vocês querem ser esperança para o futuro? Sim? Estão certos disto? (respondem “sim”). Então, sob duas condições: não, não é necessário pagar o bilhete de entrada… A primeira condição é ter memória, perguntar-se de onde venho; a memória de meu povo, a memória da minha família, de meu país, de toda a minha história. O testemunho da segunda voluntária era repleto de memória, repleto! Memória de um caminho, memória de quanto recebeu de seus pais. Um jovem sem memória não pode ser esperança para o futuro. Está claro? (respondem: “Sim!”).

“’Padre, como faço para ter memória?’ – ‘Fala com teus pais, fala com os adultos. Sobretudo fala com os avós ‘. Está claro? De tal modo, que se vocês querem ser a esperança do futuro, vocês devem receber a ‘tocha do nono e da nona’, está claro?”.

“Me prometam que para preparar o Panamá vocês falarão mais com os avós? (respondem: “Sim”). E se os nonos já foram pro céu, falem de qualquer modo com os idosos e perguntem a eles? (responde: “Sim!”). Peçam a eles, porque eles são a sabedoria do povo. Portanto, para ser esperança, a primeira condição é ter memória. “Vocês são a esperança do futuro”, disse para vocês o bispo”.

Coragem e futuro

“Depois, a segunda condição: se para o futuro sou esperança e tenho memória do passado, permanece para mim o presente. O que devo fazer no presente? Ter coragem. Ter coragem! Serem corajosos, ser corajosos! Não assustarem-se. Ouvimos o testemunho, o adeus deste nosso amigo que foi vencido pelo câncer: ele queria estar aqui! Não chegou, mas teve a coragem, a coragem de enfrentar, a coragem de continuar a lutar, também na pior das condições. Este jovem, hoje, não está aqui, mas aquele jovem semeou esperança para o futuro. Portanto, para o presente, coragem! “Para o presente?” (respondem: “Coragem!”). Valentia, coragem. Está claro? Portanto, se vocês têm… Qual era a primeira coisa? (respondem: “Memória!”). E se têm (responde: “Coragem!”, vocês serão a esperança (respondem: “Futuro!”). Está tudo claro? Bem!”.

“Eu não sei se eu estarei no Panamá, mas posso assegurar para vocês uma coisa, que Pedro estará no Panamá. E Pedro perguntará para vocês se falaram com os avós, se falaram com os anciãos para ter memória, se tiveram a coragem e audácia para enfrentar a situação e se semearam para o futuro. E responderão a Pedro… (respondem: “Sim!”). Está claro? Que Deus vos abençoe a todos. Obrigado. Obrigado por tudo! E agora todos juntos, cada um na própria língua, rezemos a Virgem”.

Recita Ave Maria…

E peço a vocês para rezarem por mim. Não esqueçam. E vos dou a bênção.

Bênção

E estava me esquecendo: como era? (respondem: “Memória, coragem, futuro!”).