O Papa Francisco indica a cultura do cuidado como percurso para a paz, na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2021. O Santo Padre lamentou o ano de 2020 marcado pela crise da covid-19 e que foi intensificado pelas dificuldades climáticas, migratórias e econômicas. Dessa forma, o Pontífice evidencia a importância do cuidado uns com os outros, com o intuito da construção de uma sociedade alicerçada em relações de fraternidade. Ao longo da mensagem, o Papa fala sobre a relação do homem com o Criador. No livro de Gênesis mostra a importância do cuidado do projeto de Deus, pois o Senhor confia a Adão o jardim de Éden. “Os verbos ‘cultivar’ e ‘guardar’ descrevem a relação de Adão com a sua casa-jardim e indicam também a confiança que Deus deposita nele fazendo-o senhor e guardião de toda a criação” afirma o Pontífice. O Santo Padre explica que já nas narrações antigas, como na Bíblia, revelam a relação do cuidado com a natureza e com a própria vida.
“Como obras de misericórdia espiritual e corporal, o núcleo constitui o serviço de caridade da Igreja primitiva. Os cristãos da primeira geração praticavam a partilha para não haver entre eles necessitados (cf. Aos 4, 34-35) e esforçavam-se por tornar-se a comunidade casa acolhedora, aberta a todas as situações humanas, disposta a ocupar-se dos mais frágeis” destaca o Papa Francisco. Sendo assim, era comum alimentar os pobres e nutrir os órfãos. O Santo Padre aponta que em períodos sucessivos, quando a generosidade de alguns cristãos se perdeu, alguns padres da igreja insistiram que a propriedade é pensada por Deus para o bem comum.
O Pontífice cita Santo Ambrósio que diz que “a natureza concedeu todas as coisas aos homens para uso comum (…) Portanto, a natureza produziu um direito comum para todos, mas a ganância tornou-o um direito de poucos”. “Cada aspecto da vida social, política e econômica encontra-se a sua realização, quando se coloca ao serviço do bem comum” salienta o Papa. Dessa maneira, todos os projetos e esforços devem sempre levar em conta os efeitos sobre a família humana inteira e as consequências para as gerações futuras.
“A solidariedade exprime o amor pelo outro de forma concreta, não como um sentimento vago, mas como ‘a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos’”
O Santo Padre afirma que deve ser recordado o respeito pelo direito humanitário ainda mais neste período de crise, conflitos e guerra. “Numerosas cidades tornaram-se um epicentro da insegurança: os seus habitantes fatigam a manter os seus ritmos normais, porque são atacados e bombardeados por explosivos, artilharia e armas ligeiras”, discute o Papa. O Pontífice evidencia que a causa dos conflitos são muitas, porém o resultado sempre é o mesmo: a destruição e a crise humanitária. “Temos de parar e interrogar-nos: O que foi que levou a sentir o conflito como algo normal no mundo? E, sobretudo, como converter o nosso coração e mudar a nossa mentalidade para procurar verdadeiramente a paz na solidariedade e na fraternidade?”, questiona o Santo Padre.
O Pontífice salienta como seria corajosa a decisão de criar um “fundo mundial” com o dinheiro usado para a compra de armas e despesas militares, com o objetivo de eliminar a fome e contribuir para o desenvolvimento dos países mais pobres. O Papa Francisco afirma que a promoção da cultura do cuidado requer um processo educativo. “A educação constitui um dos pilares de sociedades mais justas e solidárias”. Para o Pontífice, a cultura do cuidado constitui uma via privilegiada para a construção da paz. O Papa Francisco orienta os cristãos a terem um olhar fixo em Nossa Senhora. Ele também recomenda a avançar para um novo horizonte, não ceder à tentação e buscar se empenhar na formação de uma comunidade de acolhimento e cuidado mútuo.
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