A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) lançou no dia de 16 de novembro (2022) um relatório denunciando o aumento da perseguição aos cristãos. Logo, o relatório chama-se “Perseguidos e Esquecidos?” e foi produzido entre outubro de 2020 e setembro de 2022 a nível internacional. E os países estudados foram: África, países asiáticos e do Médio Oriente.

Também um documento enviado às agências de notícias católicas pelo secretariado português da AIS aponta:

“A perseguição aos Cristãos piorou nos principais países estudados. O nacionalismo religioso e o autoritarismo intensificaram os problemas dos fiéis, incluindo o regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão; o que levou os cristãos e outras minorias a uma desesperada tentativa de fuga”.

Além disso, a AIS afirma que houve mais de 7600 cristãos mortos nos anos do estudo.

Contudo, este relatório é produzido a cada dois anos. E tem como objetivo analisar as violações da liberdade religiosa contra os cristãos nos países onde há “descrições persistentes de abusos de direitos humanos”, afirma a AIS.

As principais conclusões do documento são:

Em 75% dos países sob análise a opressão ou perseguição aos cristãos aumentou.

Além disso, na África, a situação dos cristãos piorou em todos os 7 países sob análise.

Contudo, na Ásia, o autoritarismo do Estado tem sido o fator crítico que provoca o aumento da opressão contra os cristãos na Birmânia (Mianmar), na China, no Vietnã e outros lugares. Porém, o país onde se verifica, de forma mais grave, que a liberdade religiosa e de consciência estão sendo violados é a Coreia do Norte.

Já no Oriente Médio a migração contínua aprofundou a crise. E isso ameaça a sobrevivência de três das mais antigas e importantes comunidades cristãs do mundo, localizadas no Iraque, na Síria e na Palestina.

Quem são os responsáveis pela perseguição aos cristãos?

Contudo, a fundação pontifícia aponta que “a violência sistemática e um clima de controlo resultaram no aumento da opressão aos cristãos”. E que tem provas de “um grande aumento de violência genocida por parte de grupos militantes, incluindo os jihadistas”.

Além disso, o documento ainda alerta que “o extremismo ameaça comunidades cristãs, outrora fortes”. E que “na Nigéria e em outros países, a violência transpõe claramente o limiar do genocídio”.

Todavia, os responsáveis pela perseguição aos cristãos são grupos como o “Boko Haram” e a “Província Islâmica do Estado do Oeste da África” (ISWAP).

Contudo, no Médio Oriente, a fundação pontifícia considera que “a própria sobrevivência das comunidades cristãs no Iraque, na Síria e na Palestina está em causa”.

Em Moçambique, ataques sistemáticos por parte de grupos terroristas islâmicos “levaram já ao deslocamento de mais de 800 mil pessoas”. Além disso, causaram a morte de mais de 4 mil cristãos, segundo o relatório.

O testemunho do padre Andrew Abayomi

O documento da fundação pontifícia tem no prefácio o testemunho do padre Andrew Abayomi. Logo, ele conta que em 5 de junho deste ano (2022), estava celebrando a santa Missa do Domingo de Pentecostes. E então a igreja foi alvo de um ataque na Nigéria. Logo, o atentado provocou a morde de 40 cristãos e fez dezenas de feridos.

“Enquanto as balas enchiam o ar, eu só pensava em como salvar os meus paroquianos. Alguns conseguiram trancar a porta de entrada. E eu chamei as pessoas para entrarem na sacristia. Dentro da sacristia, eu não conseguia me mexer: as crianças rodeavam-me e os adultos agarravam-se a mim”, contou o padre Abayomi.

No entanto, o padre considera que o mundo está sendo, de alguma forma, cúmplice destes terroristas. “Está acontecendo um genocídio, mas ninguém se importa”, desabafa.