No ano de 1931, pela primeira vez Nosso Senhor falou sobre a instituição da Festa da Misericórdia à Santa Faustina – na mesma ocasião Ele pediu que fosse pintada a Imagem da Misericórdia e que esta fosse abençoada: “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa imagem, que pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse Domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário de Santa Faustina, 49).
Aprovada pela Igreja e abençoada pelo presbítero, a imagem se torna para a comunidade e cada fiel um sacramental, ou seja, um sinal sagrado por meio do qual a Igreja pede a Deus os Seus benefícios, sobretudo espirituais; ao mesmo tempo, o sacramental não está encerrado em si mesmo, mas quer auxiliar as pessoas “a receber o efeito principal dos sacramentos” (SC 60; Catecismo, 1667); É bom lembrar também que pelos sacramentais o Senhor deseja santificar “as diversas circunstâncias da vida” (idem).
É curioso notar que a imagem de Jesus Misericordioso foi pouco a pouco adquirindo o valor de uma imagem de culto, deixando de ser um elemento puramente devocional ou ilustrativo já nos primeiros anos após a morte de Santa Faustina. Sem negar a sua importância, o próprio Jesus deixa bem claro o valor instrumental da imagem: “O valor da Imagem não está na beleza da tinta nem na habilidade do pintor, mas na Minha graça” (Diário, 313).
Neste contexto se insere um outro ensinamento precioso do Diário, tendo em vista uma sadia estética teológico-espiritual. Somos convidados a venerar a imagem artística do Senhor, mas sobretudo somos convidados a cuidar das imagens vivas do Senhor que somos nós!
Ao contemplar a imagem de Jesus Misericordioso somos encorajados a viver o nosso Batismo e Crisma (manter a nossa “veste” sempre íntegra e alva), cada qual segundo o seu próprio estado de vida, aproximando-se com frequência da Eucaristia e da Confissão (também simbolizados pelo sangue e água, segundo os Santos Padres), bem como da sagrada Unção.
Não deixe de adquirir o seu quadro ou estampa de Jesus Misericordioso, e trazê-lo consigo em sua carteira, sua Bíblia e assim por diante. Que nós possamos sempre orar ao Senhor como Santa Faustina: “Ó Coração Santíssimo, fonte de misericórdia, do qual brotam raios de graças incompreensíveis para todo o gênero humano, suplico-Vos luz para os pobres pecadores” (Diário, 72).
Qual o significado da imagem?
Em 1934, numa das revelações em Vilna, o próprio Senhor explica-lhe alguns detalhes:
“Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da Minha misericórdia, quando na Cruz, o Meu Coração agonizante foi aberto pela lança” (Diário, 299).
Mais adiante, chama-nos a atenção para um detalhe muito significativo:
“O Meu olhar, nesta Imagem, é o mesmo que eu tinha na cruz” (Diário, 326).
Fica bem patente, portanto, que nesta representação artística encontramos de um modo emblemático o Cristo Pascal, o Crucificado-Ressuscitado – ou seja, Jesus que traz tanto os sinais do sofrimento como os sinais da glorificação. Com sua Páscoa inaugura-se um novo tempo para a humanidade, no qual mais e mais os seus “inimigos” são vencidos – o demônio, o pecado, a morte.
Ele continua a sua missão terrena, e por isso a imagem o representa caminhando (vindo ao nosso encontro) como “amigo” a nos abençoar (mão direita) e a nos apresentar o “trono da graça” (mão esquerda).
A cor branca da veste de Cristo simboliza a pureza e a glória celestes, cujos seres – tanto no Antigo como no Novo Testamento – aparecem sempre envoltos em brilho e brancura (cf. Lc 24,4; At 10,30); na transfiguração foi assim que Jesus se manifestou aos Apóstolos escolhidos (Mc 9,3; cf. Ap 1,13s) – e é assim que Ele quer que todos os batizados estejam por ocasião de sua vinda (Ap 3,4s; 7,9-14; 19,1-14).
Por sua vez, a inscrição: “Jesus, eu confio em Vós” faz parte da imagem, o que Jesus recorda expressamente à Santa Faustina (D 327). A liturgia do 2º domingo da Páscoa (Domingo da Divina Misericórdia) nos apresenta o relato de Jo 20,19-31, no qual o Senhor Ressuscitado apresenta aos Apóstolos “as mãos e o lado” (vv. 20.27), convidando a Tomé – e a todos – à confiança: “não sejas incrédulo, mas crê!” (v. 27).
Sem sombra de dúvida, a imagem de Jesus Misericordioso é uma das mais belas representações da arte cristã do Senhor Ressuscitado, que se apresenta no meio dos seus – ontem, hoje e sempre! – e diz: “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu!” (Lc 24,39).
Particularmente os sinais da paixão que o Ressuscitado apresenta – nos Evangelhos e na imagem divulgada a partir de Santa Faustina – são uma das mais maravilhosas marcas da insondável misericórdia divina em nosso favor.
Promessas
No Diário descobrimos algumas promessas que o Senhor explicitamente associa à veneração de sua imagem que poderíamos também designar como ícone da divina misericórdia, as quais podem ser assim agrupadas:
1ª) O Senhor quer manifestar a sua glória e a sua graça através deste símbolo religioso: “Darei a conhecer aos Superiores, por meio das graças que concederei através dessa Imagem” (D. 51); “Ofereço aos homens um vaso, com o qual devem vir buscar graças na fonte da misericórdia. O vaso é a Imagem com a inscrição: ‘Jesus, eu confio em Vós.’” (D. 327); “Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela”(D. 570; cf. 742). Por isso S. Faustina pôde escrever: “Hoje vi a glória de Deus que desce da Imagem” (D. 1789).
2ª) Por ela o Senhor quer atrair ao seu convívio quem está dEle afastado ou está com a fé esmorecida: “Já há muitas almas atraídas ao Meu amor através da Imagem” (D. 1379).
3ª) O Senhor deseja nos fazer participar de sua vitória sobre o mal, especialmente na decisiva hora da morte: “Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte” (D. 48).
4ª) A imagem se torna uma espécie de “escudo” contra a justa ira de Deus em virtude dos pecados que cometemos, estimulando-nos assim a uma constante conversão: “Estes raios defendem as almas da ira do Meu Pai. Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus” (D. 299).
Fonte: Padres Marianos do Brasil e Padres Marianos dos EUA.