Alguns meses atrás, a Conferência dos Bispos da África do Sul publicou uma veemente carta pastoral denunciando a corrupção em todos os níveis: governo, organizações e… povo.
“A corrupção rouba dos pobres”, afirmaram os bispos, exigindo “mais atenção para os prejuízos que a corrupção desenfreada provoca na sociedade e na Igreja”. Mas eles não exigiram isto apenas de alguns: eles pediram que “todos trabalhem para erradicar” a corrupção.
“A corrupção está presente em toda a comunidade. Se os subornos são um costume na vida de funcionários públicos, empresários ou até pessoas da Igreja, essas pessoas, corruptas, desprezam o cumprimento das próprias obrigações visando ganhar dinheiro para elas mesmas”.
Essa postura gera a desconfiança generalizada, o cinismo de todos e o fortalecimento da cultura da corrupção.
Mas “a corrupção rouba dos pobres”, insistem os bispos. Por quê?
Porque “o dinheiro que vai parar no bolso dos corruptos deveria dar teto às pessoas sem casa, dar atendimento médico aos doentes ou dar solução para muitas outras necessidades”.
No caso da África do Sul, os bispos citam estatísticas para denunciar que “cerca da metade da população admite que já pagou suborno, em grande parte a policiais e a funcionários do governo”.
Erradicar a corrupção é um desafio para todos, no dia a dia. Temos que “examinar as nossas próprias atitudes como cidadãos, dentro da família, da sociedade e da igreja. A mudança de coração é um chamado para caminharmos à luz do Senhor”.
A carta dos bispos sul-africanos propõe três medidas concretas ao povo do país:
1 – “Reconheça que a corrupção é um problema de todos. Temos que examinar as nossas próprias consciências, ouvir o apelo do Evangelho à conversão e resistir à tentação de participar dos atos cotidianos da corrupção”.
2 – “Se você for vítima da corrupção, denuncie. Subornos e quaisquer outras formas de corrupção triunfam no ocultamento e perduram porque nós permitimos”.
3 – “Assuma o compromisso de ser mais transparente e honesto na sua casa, na sua paróquia e no seu trabalho”.
Os bispos ainda recordaram a duríssima condenação feita pelo papa Francisco contra a corrupção: ela é “pior do que outros pecados”, porque se transforma num hábito que endurece o coração e nos deixa insensíveis ao que acontece ao nosso redor e até mesmo diante da graça de Deus que nos chama a ser perfeitos.
Reflexões oportunas para nós, brasileiros. Para todos nós, brasileiros.
fonte: Aleteia