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O principal investigador por trás dos vídeos sobre a Planned Parenthood gravados com câmera escondida pode pegar 20 anos de prisão após um grande juri de Houston ter decidido, na segunda-feira, não acusar a Planned Parenthood de nenhum crime. Em vez disso, o juri o acusou de oferecer-se para comprar órgãos humanos de uma empresa abortista.

David Daleiden, principal investigador do Center for Medical Progress (Centro para o Progresso Médico, daqui em diante CMP) enfrenta uma acusação de delito grave de segundo grau por “adulterar registros governamentais”, e uma acusação de delito leve por violar a “proibição do estado de comprar e vender órgãos humanos”.

Isto é, jurados do estado do Texas estão acusando David Daleiden de tentar traficar ilegalmente partes de corpos de bebês abortados.

Os jurados registraram a mesma acusação contra Sandra Merritt, que alegou ser “Susan Tennenbaum”, CEO da BioMax, nos papéis de incorporação da empresa.

A lei do Texas só permite que alguém seja acusado de um crime tão grave “se a intenção do autor ao cometer a ofensa é defraudar ou prejudicar outrem”.

A acusação dos delitos graves implica em punição de não menos que dois e não mais que vinte anos de prisão, além de uma multa de até 10.000 dólares.

Ironicamente, a investigação começou depois que Daleiden e Merritt se disfarçaram de sócios que estavam ansiosos para pagar a Planned Parenthood para lhes fornecer órgãos humanos, que sua empresa fictícia usaria em experiências científicas – algo que, segundo as expectativas deles, exporia a conduta criminosa da empresa abortista.

As câmeras que eles utilizaram registraram a diretora de pesquisa da Planned Parenthood Gulf Coast, Melissa Farrell, aparentemente reconhecendo múltiplos delitos graves e violações éticas, incluindo a obtenção de lucro com o tráfico de órgãos humanos e a alteração desnecessária do procedimento de  aborto a fim de obter “os melhores exemplares”.

“Se  alterarmos o nosso processo, e se formos capazes de obter cadáveres de bebês intactos”, disse ela no 5º vídeo gravado pelo CMP, o qual também mostrou a dissecação de um bebê de 20 semanas abortado na filial de Houston. “Nós incluímos isso em nosso contrato e em nosso protocolo… nos desviamos do nosso padrão [de cuidado] para fazer isso”.

Em julho do ano passado, o governador republicano Dan Patrick exigiu que funcionários públicos dessem início a uma investigação da “pavorosa”  filmagem .

Em outubro do ano passado, o governador Greg Abbot se mobilizou para expulsar a empresa abortista do sistema de saúde de seu estado. Funcionários do gabinete do Inspetor Geral também fizeram buscas em diversos escritórios da Planned Parenthood.

Os jurados, ao contrário, voltaram suas armas para David.

Devon Anderson, promotora pública do Condado de Harris, a qual após a morte do marido foi designada para seu cargo em 2013 pelo governador Rick Perry, disse que apoiava a decisão do júri.

“Fomos convocados para investigar alegações de conduta criminal pela Planned Parenthood Gulf Coast”, disse Anderson em um comunicado de imprensa. “Como afirmei no início desta investigação, devemos ir aonde as evidências nos levam. Todas as evidências descobertas no decorrer dessa investigação foram apresentadas ao júri”.

“Respeito a decisão dos jurados nesse difícil caso”, disse Anderson.

Funcionários da Planned Parenthood no Texas disseram que o júri de Houston os defendeu. “As pessoas por trás dessa fraude mentiram e infringiram a lei a fim de disseminar mentiras maliciosas sobre a Planned Parenthood para avançar sua radical agenda política antiaborto”, disse Melaney Linton, CEO da Planned Parenthood Gulf Coast. “À medida que a poeira abaixa e a verdade aparece, fica completamente claro que as únicas pessoas que cometeram crimes foram os criminosos por trás dessa fraude, estamos satisfeitos por eles serem responsabilizados”.

Apesar da acusação do Condado de Harris, a investigação da Planned Parenthood pelo estado continuará, dizem alguns funcionários públicos.

“O Inspetor Geral da Comissão de Serviços Humanos e de Saúde e a Promotoria Geral têm uma investigação sobre as ações da Planned Parenthood”, disse o governador Abbott em comunicado de imprensa na segunda-feira. “Nada que diz respeito ao comunicado de hoje no Condado de Harris impactará a investigação em curso realizada pela estado”.

“O estado do Texas continuará a proteger a vida, e eu continuarei a apoiar a legislação que proíbe a venda ou a transferência de tecidos fetais”, ele prometeu.

“O CMP se defendeu das alegações na noite de segunda. “Respeitamos os processos da promotora pública do Condado de Harris, e ressaltamos que a compra de tecido fetal requer um vendedor também”, disse o grupo. “A Planned Parenthood ainda não pode negar as confissões dos seus líderes a respeito da venda de órgãos de bebês gravadas em vídeo para que todos possam ver”.

Militantes pró-vida disseram que a decisão de acusar alguém da própria prática que essa pessoa denunciou é uma inversão da realidade. Sean Davis, cofundador do site The Federalist tuitou:

Trata-se de uma referência ao livro de Franz Kafka O Processo, uma história distópica na qual o acusado é tido como culpado desde o início do julgamento.

Fonte: Notifam