A Congregação dos Padres Marianos, os Auxiliares Marianos, os devotos de Jesus Misericordioso e amigos parabenizam o sacerdote natural da Polônia, Padre Jan Glica, MIC, pelos seus 86 anos, vividos com grande alegria e disposição.

O Padre Jan Glica foi o primeiro pároco e, também, responsável pela construção da Paróquia Santuário da Divina Misericórdia, iniciada em 1994. O Padre Jan também foi um grande promotor da devoção à Divina Misericórdia, junto do missionário polonês Padre André Krzymyczek, com quem trabalhou desde 1980 empenhado na divulgação da devoção.

Louvamos e agradecemos a Deus pelo dom da sua vida e pela sua vocação, Padre Jan. Que Deus o recompense com a Sua própria Misericórdia.

Feliz Aniversário!


Confira abaixo o testemunho vocacional deste incansável apóstolo da Misericórdia.


Minha vocação para ser Padre

No dia 31 de agosto deste ano vou completar 86 anos de vida. Em 28 de junho completei 57 anos de sacerdócio e no dia 21 de novembro completarei 53 anos no Brasil – Pátria de escolha!

Desde o ano de 1974 tenho nacionalidade brasileira – há 47 anos sou brasileiro. Abençoadas e santas datas da minha vida – são as graças que Deus Pai Misericordioso me concedeu.

O solo no qual minha vocação brotou era religiosamente fértil, mas pensar em ser padre seria uma ousadia descontrolada e até indigna. Padre, para mim, era um ser “entre a terra e o Céu”. Ele saía da porta direita de um lugar desconhecido, vestido com um traje santo e começava as funções num lugar “santo dos santos”, inacessível, protegido por uma cerca tão diferente das outras que a gente conhecia.

Além do padre, lá entrava também um homem vestido de branco. Antes da Santa Missa ele acendia seis velas de cor ouro-escuro, bonitas e altas. Havia também no segundo degrau das elevações, no fundo do altar (hoje chamada ‘predela’) seis cápsulas de cartuchos com as flores do campo. Estas cápsulas, polidas e brilhantes, davam ao fundo dos elementos de granito uma aparência riquíssima e solene. Meu pai, como era militar, disse-me que eram peças de projéteis da artilharia do exército russo que bombardeava os Alemães.

Em cima daquele lugar eu contemplava um céu azul-escuro, com estrelas douradas e brilhantes que pareciam distantes do misterioso fundo azul. Nas paredes daquele santo lugar havia seis imagens de um lado e seis de outro, eram imagens de santos desconhecidos para mim. Depois, o pai me disse que eram os doze Apóstolos de Jesus e aquele que carregava a chave era São Pedro, que cuidava da porta do Céu, para o diabo não entrar.

Havia também uma lamparina pendurada por três correntinhas que mais acima se juntavam. A luzinha era pequena, trêmula, e a mãe disse que ela “adorava” Jesus que morava ali, na linda casinha de ouro. Para mim, era emocionante quando a mãe e o pai iam até lá receber Jesus e se ajoelhavam no degrau daquela cerca coberta com pano branco. A mãe dizia que um dia eu também iria fazer a mesma coisa. “Mãe, mas quando?” – eu indagava. “Espere um pouco, talvez daqui a dois ou três anos”. “Tanto tempo!?” – lamentava, eu, impaciente.

Quinze minutos antes de começar a Santa Missa o padre, vestido de branco e com um “cinto colorido” no pescoço, subia numa espécie de um “barril” muito bonito, fixado na parede, e lia algumas coisas santas que eu já conhecia de casa: os Mandamentos de Deus, os da Igreja, os Sete Sacramentos, o Ato de fé, de caridade, de amor, e outras coisas. De lá, lia também, o Livro Santo e falava para o povo. Lembro que uma vez falou: “Meus queridos, hoje à noite vai chover muito, por isso, permito que, mesmo sendo domingo à tarde, o povo recolha para os celeiros o trigo cortado que secou nos campos”.

Eu não me lembro de ter faltado uma Santa Missa por preguiça ou negligência, aconteceu apenas no tempo da Guerra. No fim do ano de 1943 e a partir de setembro 1944 até o fim de março 1945, não pudemos entrar na Igreja. Foram os piores meses da minha vida. Lembro que fugindo de casa numa carroça puxada por um cavalo, levamos dois quadros: Sagrado Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria, uma cruz metálica (que em polonês se chama “Pasyika”, porque representava a Paixão de Jesus), e algumas outras coisas, carregadas num baú, mas não lembro o que, só sei que as coisas religiosas a mãe pegou.

Depois – se viver, escreverei mais sobre a minha vocação. Entrego vocês aos cuidados de Jesus Misericordioso e Nossa Mãe Misericordiosa e Imaculada e neste ano de 2021 a São José, guarda valente de Jesus.

Pe. João Glica, MIC.