Passaram dois anos, desde a eleição para a Cátedra de Pedro, do Cardeal Jorge Mário Bergoglio. Quis chamar-se Francisco e desde aquele dia a todos conquistou com a sua simplicidade, a sua ternura, a sua espontaneidade. Em pouco mais de duas semanas o Papa Francisco deixou claro que não trazia apenas um novo estilo, mas a frescura do conteúdo do Evangelho. Nesta rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo”, recordamos os sinais de Francisco no seu primeiro mês como bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja, para não esquecermos o rumo de um pontificado que está a mudar a Igreja.
A oração do povo para a bênção de Deus
13 março 2013, esta é a data da “viragem franciscana”. Com um passo decidido e uma naturalidade desconcertante, o Papa Francisco desde o primeiro momento do seu pontificado deixou claras várias atitudes e sinais que não eram apenas um novo estilo ou formato, mas reveladores do conteúdo fresco do Evangelho. E, assim, inesperadamente o Papa Francisco como que desceu naquele noite da varanda da Basílica de S. Pedro até junto do seu povo ao qual se inclinou para receber a oração que pede a bênção de Deus. Um momento único, original e inovador, um primeiro grande sinal para um novo rumo:
“E agora eu gostaria de dar a bênção, mas antes… antes peço-vos um favor: antes de o bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que Ele me abençoe: a oração do povo que pede a bênção para o seu bispo. Façamos em silêncio esta oração de vós por mim”. (13 de Março 2013)
Verbos do pontificado: caminhar, edificar, confessar
No dia seguinte à eleição, na Capela Sistina, o Santo Padre na primeira missa celebrada como Papa juntamente com aqueles a quem chama de “irmãos cardeais”, Francisco centra a homilia em três verbos: caminhar, edificar, confessar. No centro da vida dos discípulos de Cristo está sempre a Cruz:
“Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz e quando confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papa, mas não discípulos do Senhor”. (Missa Pro Ecclesia, 14 de Março)
Igreja pobre para os pobres
Sábado, 14 de março, Sala Paulo VI: a notícia do dia são… os jornalistas … que são recebidos pelo Papa. Numa audiência muito especial concedida pelo Santo Padre aos jornalistas que estavam em serviço para o conclave, o Papa revelou porque escolheu o nome de Francisco explicando que o comentário do Cardeal brasileiro Hummes para que não se esquecesse dos pobres, foi determinante:
“Não te esqueças dos pobres!’. E aquela palavra entrou aqui: os pobres, os pobres. Depois, imediatamente em relação aos pobres, pensei em Francisco de Assis. É o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre… Ah, como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres.” (Audiência aos Jornalistas, 16 de Março)
Misericórdia: Deus perdoa sempre
Domingo, 17 de março: primeiro Angelus do Papa Francisco numa Praça de S. Pedro superlotada de gente faminta das palavras do Santo Padre, que nesse dia afirmou que o Senhor nos perdoa sempre e tem um coração de misericórdia para todos:
“Ele, nunca se cansa de perdoar, mas nós, por vezes, cansamo-nos de pedir perdão. Nunca nos cansemos, nunca nos cansemos! Ele é o Pai amoroso que perdoa sempre, que tem um coração de misericórdia para todos nós. E também nós aprendamos a ser misericordiosos para com todos.” (Angelus, 17 de março)
O poder é servir
19 de março, Festa de S. José: a Praça de S. Pedro enche-se novamente, desta vez também com a presença de Chefes de Estado e de governo e líderes religiosos, entre os quais o Patriarca Ecuménico Bartolomeu I. O Papa Francisco celebra missa para o início do seu ministério petrino. Da homilia, centrada no tema do “guardar” o próximo e a criação, permanecerá na memória a passagem do poder como serviço:
“Nunca nos esqueçamos que o verdadeiro poder é o serviço e que também o Papa para exercer o poder deve entrar cada vez mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz”. (Missa do Início Solene do pontificado, 19 de Março)
Viver na esperança
Aproximava-se a Semana Santa desse ano de 2013 e no dia 24 de março, Domingo de Ramos, estão mais de 200 mil fiéis reunidos na Praça de S. Pedro para a Missa. Muitos os jovens presentes. Concretamente, para eles, o Santo Padre dirige palavras de encorajamento dizendo-lhes para viverem na esperança:
“E por favor, não deixeis que vos roubem a esperança! Não deixeis que roubem a esperança! Aquela que nos dá Jesus”. (Domingo de Ramos, 24 de Março)
Pastores com o odor das ovelhas
Na Quinta-feira Santa, 28 de março, na Missa Crismal, com os sacerdotes da sua diocese, o Papa Francisco, na sua homilia, convida os sacerdotes a saírem de si próprios e a irem para as periferias, físicas e existenciais, onde o povo mais sofre. Pastores com o odor das suas ovelhas:
“Isto eu vos peço: sede pastores com o odor das ovelhas, pastores no meio do próprio rebanho, e pescadores de homens”. (Missa Crismal, 28 de Março)
Jesus Ressuscitou e transforma a nossa vida
No Domingo de Páscoa, dia 31 de março o Papa Francisco proclamou que a esperança do cristão nasce “do amor de Jesus que venceu a morte”. “Cristo ressuscitou” – anuncia o Santo Padre que na sua mensagem pascal, incentiva todas as pessoas a deixarem-se transformar por Jesus:
“Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que o poder do seu amor transforme também a nossa vida; e tornemo-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus pode irrigar a terra, guardar a criação e fazer florescer a justiça e a paz”. (Bênção Urbi et orbi, 31 de março)
Todos estes sinais verbais e gestuais de profunda proximidade com o povo de Deus, revelados nas primeiras semanas do Papa Francisco em março de 2013, marcam o programa deste pontificado e revelam o rumo dos próximos tempos que se aguardam absolutamente fundamentais para o futuro da Igreja. (RS)
fonte: Rádio Vaticano