A Virgem Santíssima teve uma fecundidade espiritual tão intensa que a tornou Mãe da Igreja e do gênero humano, ou seja, instrumento de salvação, ao lado do seu Divino Filho. Em toda a sua vida “ela cooperou de modo absolutamente singular (…) na obra do Salvador para restaurar a vida sobrenatural das almas”. Ela é nossa Mãe na ordem da graça. A maternidade de Maria é um dom que o próprio Cristo faz do alto da Cruz indicando no Apóstolo
João cada um de nós: ‘Eis o teu filho’ (cf. Jo 19,26).
Aos pés da Cruz teve início também aquela especial entrega do homem à Mãe de Cristo, “Eis ai tua mãe” (Jo 19,26-27), que ao longo da história da Igreja foi colocada em prática e expressa de diversas maneiras na vida dos santos. “Maria, minha Mãe e Senhora, entrego-vos a minha alma e o meu corpo, a minha vida e a minha morte e tudo o que vier depois dela. Deposito tudo em vossas mãos, ó minha Mãe”, escreverá Santa Faustina (Diário, 79).
A entrega é a resposta ao amor duma pessoa e, em particular, ao amor da mãe. A Virgem Santíssima sabe que os filhos que seu Filho confiou a Ela do alto da Cruz, deixados a si mesmos são pobres e desamparados, completamente sem forças próprias diante das tentações e fraquezas. Sendo Mãe de misericórdia, assume como próprias as precariedades e as necessidades desses seus filhos adotivos. Com eles reza no Cenáculo, e por eles, mendiga, suplica o Espírito Santo, pelos méritos do Seu Filho, com as mesmas disposições que possuía no momento da Anunciação: atitude de total dependência e humilhação – humildade autêntica, confiança inquebrantável, gratidão ilimitada. (…)
“Maria é minha Mestra, que me ensina sempre como viver para Deus. O meu espírito resplandece na Vossa mansidão e humildade, ó Maria”, escreveu Santa Faustina (Diário, 620).
Junto da Mãe Santíssima os santos aprenderam a viver a própria vocação. Junto da Mãe Santíssima aprenderam a permanecer continuamente unidos a Cristo, na obediência silenciosa e oculta. Aprenderam a vida interior, a morrer para si mesmos, a fim de reencontrar a própria vida nas profundezas do mistério eterno de Deus que é Amor.
Que saibamos a exemplo deles abrir o nosso coração à nossa Mãe Santíssima, como crianças desvalidas que compreendem que sem Ela nada podem, com Ela tudo, e atender aos seus prementes apelos de conversão.
Trecho extraído do livro Fátima e a Divina Misericórdia, pulicado pela Editora Apostolado da Divina Misericórdia, Curitiba-PR.