O Papa Francisco celebrou a missa na Capela da Casa Santa Marta, nesta segunda-feira (18), e em sua homilia pediu aos cristãos para rezarem pelos seus governantes, não obstante as coisas más que fazem.

O Pontífice pediu também aos governantes para rezar, caso contrário, correm o risco de fecharem-se no próprio grupo. O governante que tem a consciência de ser subalterno ao povo e a Deus, reza.

 

Na primeira leitura, São Paulo aconselha a Timóteo a rezar pelos governantes. No Evangelho, há um governante que reza: é o oficial romano que tinha um empregado que estava doente. Amava o povo, não obstante fosse estrangeiro, e amava o empregado, pois, de fato, se preocupava.

“Este homem sentiu a necessidade de rezar”, disse o Papa. Não somente porque amava, mas também porque “tinha a consciência de não ser o patrão de tudo, de não ser a última instância”. Sabia que acima dele, há outro que comanda. Havia subalternos, soldados, mas ele também estava na condição de subordinado. E isso o levou a rezar.

“O governante que tem essa consciência, reza. Se não reza, fecha-se na própria “autorreferencialidade” ou na de seu partido, naquele círculo do qual não se sai. É um homem fechado em si mesmo. Porém, quando vê os problemas verdadeiros, tem a consciência de ser subalterno, que existe outro que tem mais poder que ele. Quem tem mais poder do que o governante? O povo, que lhe deu o poder, e Deus, do qual vem o poder através do povo. Quando um governante tem a consciência de ser subordinado, reza.”

O Papa Francisco ressaltou a importância da oração do governante, “porque é a oração para o bem comum do povo que lhe foi confiado”.

Recordou, a esse propósito, a conversa com um governante que todos os dias passava duas horas em silêncio diante de Deus, não obstante tivesse muitos afazeres. É preciso pedir a Deus a graça de governar bem como Salomão que não pediu a Deus ouro ou riquezas, mas sabedoria para governar.

Os governantes, diz Francisco, devem pedir ao Senhor essa sabedoria. “É tão importante que os governantes rezem” – reitera – pedindo ao Senhor que não cancele a “consciência de ser subalterno” a Deus e do povo: “que a minha força esteja ali e não no pequeno grupo ou em mim”.
E a quem poderia se opor dizendo ser agnóstico ou ateu, o Papa diz: “Se você não pode rezar, confronte-se”, “com a sua consciência”, com “os sábios do seu povo”, mas “não fique sozinho com o pequeno grupo do seu partido”, ressalta. “Isto – reitera – é ser auto-referencial”.

Na primeira leitura, Paulo convida a rezar pelos reis, “para que – afirma – possamos levar uma vida calma, pacífica, digna e dedicada a Deus”. Francisco observa que, no entanto, quando um governante faz algo que não gostamos, ele é criticado ou, de outra forma, louvado. É deixado sozinho com o seu partido, com o Parlamento”:

“’Não, eu o votei – eu o votei’ – ‘Eu não o votei, problema seu’. Não, não podemos deixar os governantes sozinhos: devemos acompanhá-los com a oração. Os cristãos devem rezar pelos governantes. “Mas, Padre, como vou rezar por ele que faz tantas coisas ruins?”. Ele precisa mais do que nunca da oração. Reze, faça penitência pelo governante. A oração de intercessão – isso é tão bonito que Paulo diz – é para todos os reis, para todos aqueles que estão no poder. Por quê? “Porque podemos levar uma vida calma e tranquila”. Quando o governante é livre e pode governar em paz, todo o povo irá se beneficiar disso”.

E o Papa conclui pedindo que se faça um exame de consciência sobre a oração pelos governantes:

“Peço-lhes um favor: cada um de vocês pegue hoje cinco minutos, não mais. Se você é um governante, se pergunte: “Eu rezo por aquele que me deu o poder através do povo?” Se não é um governante, “rezo pelos governantes? Sim, por esse e por aquele sim, porque gosto deles; por aqueles outros, não”. Esses têm mais necessidade do que os outros! “Rezo por todos os governantes?” E se você perceber, quando faz exame de consciência para se confessar, que não reza pelos governantes, leve isso à confissão. Porque não rezar pelos governantes é um pecado”.

Fonte: News.va