Mais de 2 mil jovens tiveram um encontro com o Papa Francisco no último dia 5 de outubro (2022), em sua visita apostólica a Bahrein. O encontro aconteceu no Colégio Sagrado Coração, administrado por freiras carmelitas desde 2003. Entre os alunos católicos, também estudam ali jovens muçulmanos que também receberam o Papa.

No seu discurso, o Papa propôs aos jovens “três pequenos convites”, a fim de encorajá-los. Logo, este convite é extensivo a todos os jovens cristãos de todo o mundo. Por isso, acompanhe acolhendo as suas palavras!

Primeiro convite aos jovens: a cultura do cuidado

Papa Francisco recordou aos jovens que a ação de Jesus sempre foi animada pelo cuidado. Logo, afirmou: “fixou as pessoas nos olhos, prestou atenção aos seus pedidos de ajuda, aproximou-se e tocou com a mão as suas feridas”. E então questionou: “Vós, fixais as pessoas nos olhos? Jesus entrou na história dizendo-nos que o Altíssimo cuida de nós; lembrando-nos que, estar da parte de Deus, significa cuidar de alguém e de alguma coisa, especialmente dos mais necessitados”.

Portanto, explicou aos jovens:

“Cuidar significa desenvolver uma atitude interior de empatia, um olhar atento que nos leva para fora de nós mesmos, uma presença gentil que vence a indiferença e nos impele a interessar-nos pelos outros. […]  Amigos, como é bom tornar-se cultores do cuidado, artistas das relações! Mas isto, como tudo na vida, requer um treino constante. Então não vos esqueçais de cuidar primariamente de vós mesmos: não tanto do exterior, como, sobretudo, do interior, da vossa parte mais escondida e preciosa. Qual é? A vossa alma, o vosso coração! E como se faz para cuidar do coração? Tentai escutá-lo em silêncio, criar espaços para estar em contato com a vossa interioridade, para sentir o dom que sois, para acolher a vossa existência […]. Não vos aconteça ser ‘turistas da vida’, que a olham apenas de fora, superficialmente. Mas, no silêncio, seguindo o ritmo do vosso coração, falai com Deus. Falai-Lhe de vós mesmos e também daqueles que encontrais diariamente e que Ele vos dá como companheiros de viagem”.

E aos jovens ainda chamou atenção: “Como é bom deixar agora um bom rasto no caminho, cuidando da comunidade, dos companheiros de escola, dos colegas de trabalho, da criação. A propósito, far-nos-á bem questionar-nos: Que rasto estou a deixar agora, aqui onde vivo, no lugar onde a Providência me colocou?”

Segundo convite: semear a fraternidade

Logo, o papa estimulou os jovens: “Sede campeões de fraternidade […] Com tristeza constatamos que, em muitas regiões, as tensões e as ameaças aumentam e, por vezes, deflagram nos conflitos. Frequentemente, porém, isto acontece porque não se trabalha o coração, porque se deixam ampliar as distâncias em relação aos outros e, assim, as diferenças étnicas, culturais, religiosas e outras tornam-se problemas e temores que isolam, em vez de ser oportunidades para crescer juntos. E, quando se mostram mais fortes do que a fraternidade que nos une, corre-se o risco do conflito”.

Portanto:

“Sede semeadores de fraternidade e recolhereis futuro, porque o mundo só terá futuro na fraternidade! […] Como diz a Bíblia, «aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. E nós recebemos d’Ele este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão» (1 Jo 4, 20-21). Sim! Jesus pede para nunca desligarmos o amor a Deus do amor ao próximo, fazendo-nos nós mesmos próximo de todos (cf. Lc 10, 29-37): de todos, e não só de quem nos é simpático”.

Em seguida, o Papa deixou algumas perguntas aos jovens: “Estou aberto aos outros? Sou amigo ou amiga de qualquer pessoa que não faça parte do meu círculo de interesses, que tenha credo e costumes diferentes dos meus? Procuro o encontro, ou fico na minha? […]

Portanto, estimulou: “Sabei viajar também dentro de vós mesmos, alargar as fronteiras interiores, para que caiam os preconceitos sobre os outros, se restrinja o espaço da difidência, se desmoronem os recintos do medo, germine a amizade fraterna! Também aqui deixai-vos ajudar pela oração, que alarga o coração e, abrindo-nos ao encontro com Deus, ajuda-nos a ver, em quem encontramos, um irmão e uma irmã”.

Terceiro convite aos jovens: fazer opções na vida

“Como bem sabeis pela experiência de cada dia, não existe uma vida sem desafios a enfrentar. E perante um desafio, como numa encruzilhada, sempre é preciso escolher, entrar em jogo, arriscar, decidir. Mas isto requer uma boa estratégia: não se pode improvisar! […] E como se faz para preparar-se, treinar a capacidade de escolher, a criatividade, a coragem, a tenacidade? Como aperfeiçoar o olhar interior, aprender a julgar as situações, a captar o essencial? Trata-se de crescer na arte de se orientar nas escolhas, de tomar as justas direções. Por isso, o terceiro convite é fazer opções na vida, opções certas”.

Em seguida, a partir de sua própria experiência, narrou: “Eu era um adolescente como vós, como todos, e a minha vida era a vida normal de um rapaz qualquer. Como sabemos, a adolescência é um caminho, uma fase de crescimento, um período em que assomamos à vida com os seus aspetos por vezes contraditórios; enfrentando pela primeira vez certos desafios. Pois bem! O meu conselho, qual é? Avançar sem medo, e nunca sozinhos! Deus não vos deixa sozinhos, mas, para vos dar uma mão, espera que Lha peçais.

Logo, explicou: “Acompanha-nos e guia-nos, não com prodígios e milagres. Mas falando delicadamente através dos nossos pensamentos e sentimentos e também por meio dos nossos professores, dos nossos amigos, dos pais e de todas as pessoas que nos querem ajudar. Por isso é preciso aprender a distinguir a sua voz, a voz de Deus que nos fala. E como aprendemos isto? […] Através da oração silenciosa, do diálogo íntimo com Ele, guardando no coração aquilo que nos faz bem e dá paz. A paz é um sinal da presença de Deus”.

E assim, o Papa finalizou seu discurso aos jovens

“Amigos, jovens, esta aventura das opções, não a devemos realizar sozinhos. Por isso deixai que vos diga uma última coisa: procurai sempre – antes das sugestões da Internet – bons conselheiros na vida, pessoas sábias e fiáveis que vos possam orientar, ajudar. […] Penso nos pais e professores, mas também nos idosos, nos avós e num bom acompanhante espiritual. Cada um de nós precisa de ser acompanhado no caminho da vida!”.