O Senado da Argentina aprovou o projeto que autoriza a legalização do aborto no país, na madrugada desta quarta-feira (30). Após horas de debate, o projeto de lei de autoria do governo de Alberto Fernández teve 38 votos a favor, 29 contra e uma abstenção. No momento, as mulheres têm o direito de interromper voluntariamente a gravidez até a 14ª semana de gestação. Ainda depois desse período, as mulheres poderão realizar o aborto em caso de risco de vida ou em casos de estupro. A Conferência Episcopal da Argentina publicou uma nota à imprensa sobre a legalização, nesta quarta-feira (30).

A Igreja na Argentina quer ratificar conjuntamente com irmãos e irmãs de diferentes credos e também muitos não crentes, que continuará a trabalhar com firmeza e paixão no cuidado e serviço à vida. Essa lei que foi votada aprofundará ainda mais as divisões em nosso país. Lamentamos profundamente o distanciamento de parte da liderança dos sentimentos do povo, que se expressou de diversas maneiras a favor da vida em todo o nosso país.

Temos a certeza de que nosso povo continuará sempre a escolher toda a vida e todas as vidas. E junto com ele continuaremos trabalhando pelas prioridades autênticas que requerem atenção urgente em nosso país: crianças que vivem na pobreza em número cada vez mais alarmante, o abandono da escolaridade por muitos deles, a premente pandemia de fome e desemprego que afeta numerosas famílias, bem como a dramática situação dos aposentados, que veem seus direitos mais uma vez violados.

Abraçamos cada argentina e cada argentino; também os deputados e senadores que corajosamente se manifestaram a favor do cuidado de toda a vida. Defendê-la sempre, sem esmorecer, nos permitirá construir uma nação justa e solidária, onde ninguém é descartado e na qual seja possível viver uma verdadeira cultura do encontro“.

Comunicado à imprensa sobre legalização do aborto na República Argentina

Durante a espera pelo resultado da votação, diversos católicos, evangélicos e membros da organização a favor da vida estavam reunidos em frente ao Senado. O lema era “Por um #Natal sem aborto: façamos história de novo”. Outras manifestações antiaborto também foram realizadas em outros locais do país. 

A Igreja Católica reitera que a vida deve ser respeitada e protegida. “A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida”, segundo o Catecismo (n.2270).