O Santo Padre presidiu, no Santuário de São João Paulo II, à celebração Eucarística, da qual tomaram parte Sacerdotes, Religiosos e religiosas, leigos Consagrados, seminaristas e féis, num total de duas mil pessoas, além dos cerca de cinco mil, que participaram no pátio diante do Santuário.
Durante a celebração, o Santo Padre pronunciou a sua homilia, com base na liturgia da Missa votiva da Misericórdia de Deus, partindo da passagem evangélica, que se refere a um lugar, um discípulo e um livro.
O lugar é aquele onde se encontravam os discípulos, na tarde de Páscoa, chamado Cenáculo. Não obstante as portas estivessem fechadas, oito dias depois, Jesus entrou e transmitiu-lhes a paz, o Espírito Santo e o perdão dos pecados, ou seja, a misericórdia de Deus. Naquele lugar fechado, ressoa forte o seu convite: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E o Papa explicou:
“Jesus envia. Desde o início, ele quis que a Igreja estivesse em saída pelo mundo, como ele foi enviado pelo Pai: não com poder, mas como serviço; não para ser servido, mas para servir e levar a Boa-Nova. Assim, seus discípulos, em todos os tempos, foram enviados”.
Interessante, disse Francisco, enquanto os discípulos se fechavam no Cenáculo, com medo, Jesus entrava e os enviava em missão: ele queria que os seus abrissem as portas e saíssem para transmitir ao mundo o perdão e a paz de Deus, com a força do Espírito Santo. Este convite, disse o Papa, é dirigido também a nós e recorda as palavras de São João Paulo II: “Abram as portas”!
Nós, sacerdotes e consagrados, advertiu o Pontífice, às vezes somos tentados a nos fechar em nós mesmos, por medo ou comodidade. Jesus não gosta de portas entreabertas, de vidas duplas. Nossa vida deve ser transparente, de amor concreto, de serviço e disponibilidade à evangelização.
No Evangelho de hoje, recordou Francisco, destaca-se a figura do discípulo Tomé, que tocou com sua mão as chagas de Jesus para crer. Nós, seus discípulos, devemos pôr a nossa humanidade em contato com a carne do Senhor. Ele quer corações abertos, ternos com os fracos, dóceis e transparentes:
“O Apóstolo Tomé, em sua busca apaixonada, chegou não só a acreditar na ressurreição de Jesus, mas encontrou o sentido da sua vida, ao confessar: ‘Meu Senhor e meu Deus’, como se quisesse dizer-lhe: ‘Vós sois meu único bem, o caminho e o coração da minha vida, o meu tudo!”.
Com a transmissão do Espírito Santo aos seus Apóstolos, Jesus deixou a sua misericórdia. Poderíamos dizer que o Evangelho, livro vivo da misericórdia de Deus, que devemos ler e reler continuamente, ainda tem páginas em branco, permanece um livro aberto, que somos chamados a escrever com as nossas obras de misericórdia.
Por fim, o Papa exortou os presentes a tomar o exemplo de Maria, que acolheu plenamente a Palavra de Deus na sua vida, como Mãe da Misericórdia, para que nos ensine a cuidar das chagas de Jesus nos nossos irmãos e irmãs necessitados, dos próximos como dos distantes, do enfermo e do migrante. E concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs, cada um de nós guarda no coração uma página muito pessoal do livro da Misericórdia de Deus: a história da nossa vocação, a voz do amor que fascinou e transformou a nossa vida, pela qual deixamos tudo e a seguimos. Reavivemos hoje, com gratidão, a memória da sua chamada. Agradeçamos ao Senhor por entrar nas nossas portas fechadas com a sua misericórdia. Como Tomé, ele nos chamou por nome e nos dá a graça de continuar a escrever o seu Evangelho de amor”.
Ao término da celebração da Santa Missa da Misericórdia de Deus, o Santo Padre deu de presente ao Santuário de São João Paulo II, um crucifixo de madre pérola, para ser colocado sobre o altar.
Enfim, o Papa regressou à sede do Arcebispado de Cracóvia, onde almoçou com doze jovens, representantes dos cinco Continentes.
Fonte: News.va