Imagem: Vatican News

No final da Audiência Geral, de quarta-feira (17), o Papa Francisco recordou a Solenidade de São José, que será celebrada sexta-feira, 19 de março. O Pontífice destacou que São José é “um grande santo” a quem entregar a própria existência. “Sejam sábios como ele, prontos para compreender e colocar em prática o Evangelho”, acrescentou.

O coração de Pai

Não uma figura silenciosa, mas um homem que escuta, que aceita o plano de Deus para sua vida e de sua família. São José é um santo amado sobretudo pelo Papa Francisco que lhe dedicou uma intensa carta apostólica “Patris Corde – com um Coração de Pai” em memória aos 150 anos da declaração como Padroeiro universal da Igreja, e ao mesmo tempo lhe dedicou o Ano de São José até 8 de dezembro de 2021. Francisco destaca diferentes características do pai nutrício de Jesus. Ele o chama de pai amado, pai na ternura, na obediência e no acolhimento, pai de coragem criativa, trabalhador, sempre na penumbra.

Aquele que acolhe a fragilidade

Em algumas dessas características se concentrou o Comitê de São José que reúne várias realidades diferentes, mas todas inspiradas ao Padroeiro universal da Igreja, como os Oblatos, os Josefinos de Murialdo, as Irmãs Murialdinas, as Franciscanas Missionárias do Menino Jesus.

Pe. Luigi Testa, Oblato de São José, um dos membros do Comitê, afirma que o Papa Francisco esclarece desde o início da Carta, que embora o Evangelho fale pouco sobre São José, diz “o suficiente”. “Esta já é uma primeira afirmação importante porque geralmente, na pregação comum ou na linguagem comum, sempre se diz que pouco se sabe sobre José, mas os dados bíblicos nos dizem que se sabe o suficiente. Depois, esta Carta Apostólica é muito significativa porque sonda o coração de São José como se estivesse entrando nas pregas deste coração. Além do fato de que não o considera apenas como um coração de ternura, um coração capaz de obediência, de acolhimento, de coragem criativa e trabalhador, mas é significativo que na figura de São José o Papa vê uma figura comum, que pode ser um ponto de referência para muitas pessoas. Tudo isso se declina na vida espiritual, na vida ordinária, na vida cotidiana”.

A seu ver, qual é a relevância de São José hoje? Como podemos olhar para ele neste tempo de pandemia que condiciona nossa vida, condiciona também muitas escolhas?

Pe. Testa: São José nos ensina antes de tudo a acolher nossas fraquezas com profunda ternura, a acolher as situações de fragilidade, de precariedade que vemos em nós e ao nosso redor com a atitude de confiança, de delicadeza, de atenção, evitando o desânimo. Diante das dificuldades, diz o Papa Francisco, pode haver a atitude de quem abandona o campo ou a atitude de quem de alguma forma se inventa, José deve se esforçar, deve se ocupar. Pensemos nesta pandemia, como em nossas atividades pastorais tivemos que nos projetar de outras maneiras, em outras modalidades para chegar às pessoas e estar perto delas.

Sexta-feira é o dia de São José e também começa o Ano de Amoris laetitia, um ano especial dedicado à família. De que forma São José pode ser um farol para a família de hoje?

Pe. Testa: São José não é apenas um personagem em si, mas uma pessoa em relação. Toda sua vida foi determinada por Maria e Jesus. Ele teve que acolher Maria como sua esposa, acolher Jesus como filho, respondeu a uma missão particular. A família constitui o fundamento essencial também para a vida de Jesus. Jesus nasceu dentro do matrimônio, mesmo que por obra do Espírito Santo. Portanto, neste ano dedicado a São José e depois no Ano da Família para recordar os 5 anos de Amoris laetitia, a figura do pai nutrício se encaixa perfeitamente porque na família de Nazaré temos o reflexo da Trindade celeste. São José é aquele que se torna senhor em sua casa, mas como sinal da custódia. Daí a atenção e a delicadeza para com a mulher, para com Maria, porque José nos ensina muito deste ponto de vista ainda hoje. De fato, existem mulheres que vivem dramas em suas situações familiares. Há atenção e delicadeza para com Jesus porque o faz crescer, aprendendo também a morrer como pai. Portanto, existe este cuidado e atenção pela família e por cada família e, em seguida, um cuidado maior pela Igreja, família dos filhos de Deus.

Quais frutos o senhor gostaria de ver colhidos durante este ano dedicado a São José? Qual é o seu desejo?

Pe. Testa: O meu desejo é de que se aprofunde São José do ponto de vista da reflexão teológica, a partir dos dados bíblicos, sua figura como parte essencial dos mistérios da vida de Cristo Senhor. Depois, eu espero que o amor por este grande santo cresça, não apenas a devoção, mas também o conhecimento teológico, o conhecimento dos mistérios de Cristo, porque ele tem muito a dizer à vida diária sobre o sentido e o papel da paternidade, que não é algo a ser colocado de lado.



Fonte: Vatican News