“O sinal de que o seu coração se converteu é quando a conversão chegou ao bolso, quando toca o próprio interesse

Em sua catequese, o Papa Francisco afirmou: uma vida marcada somente em tirar proveito e vantagem das situações em detrimento dos outros provoca inevitavelmente a morte interior.

O Papa Francisco acolheu fiéis e peregrinos para a Audiência Geral desta quarta-feira (21) e deu prosseguimento ao seu ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos. Hoje o Pontífice destacou a “comunhão integral na comunidade dos fiéis”.

A conversão começa no bolso

A comunidade cristã nasce da efusão do Espírito Santo e cresce graças ao fermento da partilha entre os irmãos em Cristo. “Trata-se de um dinamismo de solidariedade que edifica a Igreja como família de Deus, onde a experiência da koinonia é um elemento central“, explicou o Papa.

Esta palavra grega, que significa colocar em comum, partilhar, comungar, refere-se, antes de tudo, à participação no Corpo e Sangue de Cristo, que se traduz na união fraterna e também na comunhão dos bens materiais.

“O sinal de que o seu coração se converteu é quando a conversão chegou ao bolso. Ou seja, ali se vê se uma pessoa é generosa com os outros, se ajuda os mais pobres: quando toca o próprio interesse. Quando a conversão chega ali, está certo de que é verdadeira ”

Os fiéis têm um só coração e uma só alma e não as consideram propriedade aquilo que possuem, mas colocam tudo em comum. Por este motivo, nenhum deles passava por dificuldade. Francisco então enalteceu os muitos cristãos que fazem voluntariado, que compartilham o seu tempo com os outros.

Esta koinonia ou comunhão se configura como a nova modalidade de relação entre os discípulos do Senhor. O vínculo com Cristo instaura um vínculo entre irmãos. Ser membro do Corpo de Cristo torna os fiéis corresponsáveis uns pelos outros. Ser indiferente, não preocupar-se com os outros, não é cristão, recordou o Papa.

Por isso, os fortes amparam os fracos e ninguém experimenta a indigência que humilha e desfigura a dignidade humana. 

Turismo espiritual

Faltar com a sinceridade da partilha, acrescentou o Papa, significa cultivar a hipocrisia, afastar-se da verdade, tornar-se egoísta, apagar o fogo da comunhão e destinar-se ao gelo da morte interior. “A hipocrisia é o pior inimigo desta comunidade cristã: fazer de conta o querer bem, mas buscar somente o próprio interesse.”

“Quem se comporta assim transita na Igreja como um turista, há tantos turistas na Igreja que estão sempre de passagem, jamais entram na Igreja: é o turismo espiritual que faz com que pensem ser cristãos, mas são somente turistas de catacumbas. Não devemos ser turistas na Igreja, mas irmãos uns dos outros”.

Uma vida marcada somente em tirar proveito e vantagem das situações em detrimento dos outros provoca inevitavelmente a morte interior. O Pontífice então concluiu:

“Que o Senhor derrame sobre nós o seu Espírito de ternura, que vence toda hipocrisia e coloca em circulação aquela verdade que nutre a solidariedade cristã, a qual, longe de ser atividade de assistência social, é uma expressão irrenunciável da natureza da Igreja que, como mãe cheia de ternura, cuida de todos os filhos, especialmente dos mais pobres.”

Fonte: Vatican News