Na manhã deste ontem, dirigindo-se à milhares de fiéis e peregrinos reunidos da Praça de S. Pedro, o Papa Francisco, na sua reflexão, falou do caminho do Advento que hoje iniciou neste domingo (03) e que culminará no Natal. O advento, disse o Papa, é o tempo que nos é dado para acolhermos o Senhor que vem ao nosso encontro, para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar para frente e preparar-nos para o regresso de Cristo:
“Ele retornará a nós na festa do Natal, quando faremos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós toda as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá no fim dos tempos para “julgar os vivos e os mortos”.
Por isso, devemos estar sempre vigilantes e aguardar o Senhor com a esperança de encontrá-lo, prosseguiu o Papa, observando que no Evangelho Jesus nos exorta a acautelar-nos e vigiar porque não sabemos quando será o momento, e que devemos vigiar e fazer que, vindo ele inesperadamente, não nos encontre a dormir.
Quem é, então, a pessoa que se acautela? É aquela – ressaltou Francisco – que, no barulho do mundo, não se deixa dominar pela distracção ou superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação dirigida antes de tudo aos outros. Com esta atitude, nos apercebemos das lágrimas e das necessidades do próximo e também podemos compreender as suas capacidades e qualidades humanas e espirituais. Igualmente, a pessoa atenta dirige-se ao mundo, procurando combater a indiferença e a crueldade que nele estão presentes, e alegrando-se com os tesouros de beleza que também existem e que devem ser conservados, ressaltou o Pontífice:
“Trata-se de ter um olhar de compreensão para reconhecer tanto as misérias e as pobrezas dos indivíduos e da sociedade, como a riqueza escondida nas pequenas coisas de cada dia, precisamente lá onde o Senhor nos colocou”.
Por outro lado, o vigilante é aquele que acolhe o convite para vigiar, isto é, não se deixa vencer pelo sono do desânimo, a falta de esperança, a desilusão; e, ao mesmo tempo, rejeita a solicitação das muitas vaidades de que o mundo está cheio. Tal e qual o povo de Israel, enfatizou o Santo Padre, que parecia que Deus o tinha deixado vaguear longe das suas vias, mas isso era o efeito da sua própria infidelidade.
“Também nós nos encontramos muitas vezes nesta situação de infidelidade ao chamamento do Senhor, enfatizou o Papa, pois Ele nos mostra o bom caminho, o caminho da fé e do amor, mas nós buscamos do outro lado a nossa felicidade”.
Prestar atenção e vigiar são, portanto, os pressupostos para não continuar a “vaguear longe das vias do Senhor”, perdidos nos nossos pecados e nas nossas infidelidades – concluiu o Papa, invocando a Maria Santíssima, modelo na espera de Deus e ícone da vigilância, para que nos guie ao encontro do seu filho Jesus, reavivando o nosso amor por Ele.
Fonte: News.va