A quarta palestra do 21ª Congresso Nacional da Misericórdia foi ministrada pelo casal Ricardo Sá e Eliana Sá.
O tema desta quarta palestra foi “A misericórdia de Deus nos dons do Espírito Santo”. E é baseada nos capítulos 26 e 33 do livro “A misericórdia de Deus em Suas obras, vol. 3” do bem-aventurado padre Miguel Sopoćko, diretor espiritual de Santa Faustina.
Acompanhe a síntese!
Quarta palestra
Eliana falou sobre a alegria de ter a oportunidade de mergulhar nos escritos do bem-aventurado padre Miguel Sopoćko, “que, sabemos, já é santo”. Mas, conclamou ela: “peçamos os milagres que precisamos pela intercessão do padre Miguel e quem sabe acontecerá no Brasil o milagre que vai canonizá-lo”.
Em seguida, Ricardo conduziu uma prece de gratidão e fé com os congressistas, cantou uma canção suplicando a misericórdia e conduziu uma Ave-Maria.
Na sequência, Eliana tomou a palavra e fez a leitura de um trecho do Diário de Santa Faustina:
“Jesus, Vós sabeis que amo o sofrimento e desejo esgotar o cálice dos sofrimentos até a última gota e, no entanto, a minha natureza sentiu um leve tremor e medo —, mas logo a minha confiança na infinita misericórdia de Deus despertou com toda a sua força, e tudo teve que ceder a ela, como a sombra ao raio do sol. Ó Jesus, como é grande a Vossa bondade! Essa Vossa infinita bondade, que eu bem conheço, permite-me enfrentar corajosamente a própria morte. Tenho certeza de que nada me acontecerá sem a Vossa permissão. Desejo glorificar a Vossa infinita misericórdia na vida, na hora da morte, na ressurreição e por toda a eternidade” (Diário, 697).
Em seguida, Ricardo Sá contou que o que saltou em seus corações (dele e da Eliana) ao estudarem os escritos do padre Miguel para preparar esta quarta palestra, é o convite que Jesus faz a todos para nos aproximarmos Dele por meio da oração pessoal.
“A devoção à Divina Misericórdia é tão rica de práticas de oração: o Terço, Hora da Misericórdia, a Festa da Misericórdia, a Novena à misericórdia – coisas que enriquecem a nossa vida. Entretanto, todas essas práticas, que são fundamentais, não podem nos tirar de um relacionamento íntimo diário com Nosso Senhor. E isso se dá na vida de oração, naquele encontro pessoal com o Senhor”.
E lembrou: “Eu e você estamos imersos num mundo apressado, cada vez mais competitivo, onde as pessoas esperam de nós resultado, resposta. Ai de nós, se não tivermos todos os dias pelo menos 5 minutos para estar com Nosso Senhor, para lhe fazer companhia, para escultar a Sua voz, para aprendermos a receber Dele a graça que Ele deseja nos dar no momento presente!”.
Relatou então: “Eu conheço gente, muito bem intencionada, que faz todas essas práticas de espiritualidade da devoção à Divina Misericórdia, reza até o rosário, passa o dia inteiro com o terço na mão. Mas não tem tempo para estar com Nosso Senhor, para ouvi-Lo. E Nosso Senhor deseja nos falar ao coração”.
A misericórdia de Deus nos dons do Espírito Santo
Entrando no tema da quarta palestra, Ricardo Sá afirmou que quando falamos nas virtudes e nos dons do Espírito Santo, eles têm forma de ação diferente.
“Quando falamos nas virtudes, nós podemos pensar nas ações do nosso dia a dia. Então, quando nós agimos com prudência, e aí, entra o nosso esforço, a nossa reflexão, a ponderação, a escolha”.
Porém, “quando falamos em dons do Espírito Santo, falamos sobre ações extraordinárias, como nos ensina o bem-aventurado Miguel. Portanto, tem uma forma de ação diferente; se trata de uma iniciativa de Deus, através de estímulos, de iluminações, de inspirações. E esses dons do Espírito Santo, segundo o padre Miguel, se caracterizam pela rapidez, pela facilidade, pela espontaneidade; são obras de misericórdia que socorrem os mártires, os religiosos, os evangelizadores, os artistas. É quando você é de forma extraordinária tomado pela graça de Deus”.
Em seguida, listou quais são os dons do Espírito Santos: sabedoria, entendimento, piedade, conselho, fortaleza, ciência, temor a Deus.
Para que servem esses dons?
Para responder a esta pergunta, Ricardo leu um trecho do livro do padre Miguel, onde ele ensina: Estes dons, “nos submetem à ação direta do Espírito Santo, que, permanecendo em nossa alma, ilumina a nossa inteligência com a Sua luz, irradia o coração de amor e fortalece a vontade para cumprir a boa ação para a qual a inspirou”.
Por isso, ele explicou que precisamos desejar os dons do Espírito Santo. Além disso, “precisamos entender que é uma luz que leva em conta o meu entendimento, o meu coração. Mas não para aqui. Ele vem para as minhas mãos, vem para os meus braços, por isso que se transforma em misericórdia”.
Atitudes fundamentais para receber os dons do Espírito Santo
Ricardo Sá destaca duas atitudes fundamentais para que possamos receber os dons do Espírito Santo, extraída dos ensinamento do padre Miguel. São elas: combater em nós o espírito do mundo e buscar o recolhimento interior.
Em seguida, explicou que isso significa ficar a sós com Nosso Senhor.
O Dom da Sabedoria
“A função da sabedoria é aperfeiçoar em nós o amor e nos faz desprezar as coisas temporais e saborear as coisas divina”, afirma Ricardo Sá nesta quarta palestra. E ainda: “A sabedoria nos faz julgar todas as coisas a partir do amor. Faz com que olhemos diferente para tudo, do ponto de vista do amor de Deus”.
“A sabedoria vai nos ensinar a olhar pelos olhos de Deus, que é amor, este mundo e todas as realidades”.
E deixou esta pergunta aos congressistas: “Qual é a situação hoje que eu preciso olhar na perspectiva do amor de Deus?”.
“Então, colocar a sabedoria em prática é olhar para esta situação que estou vivendo na perspectiva do amor de Deus”.
Em seguida, destacou um trecho do livro do padre Miguel:
“Para alcançar o dom da sabedoria, muito contribuem da nossa parte as virtudes da castidade e da humildade. Não existe maior obstáculo à sabedoria do que a sensualidade, a demasiada confiança em si mesmo e a arrogância”.
O Dom do Entendimento
Este é um dom que completa a virtude da fé, explicou nesta quarta palestra.
Ricardo complementou com as palavras do padre Miguel em seu livro:
“O dom do entendimento é uma luz sobrenatural dada ao justo, pela qual ele compreende interiormente o que é revelado por Deus […], nos dá a facilidade e a certeza da compreensão da Sagrada Escritura. […] Sob a influência desse dom conhecemos não somente as verdades reveladas em si mesmas, mas também em que medida elas se tornam as normas do nosso procedimento”.
O Dom da Piedade
A piedade aperfeiçoa em nós a esperança! E continua com as palavras do padre Miguel: a piedade “desenvolve em nós um tríplice relacionamento com Deus: o relacionamento filial com a ilimitada confiança, o generoso amor e a determinada obediência”.
O dom da piedade, aperfeiçoando em nós a esperança, nos convida a honrarmos a Deus como Pai. Além disso, o dom da piedade “nos faz amar não somente a Deus, mas tudo aquilo que a Ele está relacionado, como a Virgem Maria, a Igreja, os sacramentos, os santos, a bíblia, as devoções, as relíquias, os lugares santos, o papa”.
Para praticar o dom da piedade, Ricardo explicou nesta quarta palestra, é preciso duas coisas: “meditar frequentemente a infinita misericórdia de Deus; e a transformação de atos comuns em atos religiosos”.
E sobre a transformação de atos comuns em atos religiosos, Ricardo deu como exemplo Santa Margaria, que viva tanto na presença de Deus que realizava atos do cotidiano ajoelhada.
Então, trata-se de fazer tudo por amor a Deus. “É transformar os atos do dias a dia em atos de amor a Deus”.
Ricardo convidou: “Pense naquela pessoa que mais exige de você e diga: ‘vou tratar bem por amor a Deus’”.
O Dom do Conselho
O dom do conselho é uma luz para a ação! “O dom do conselho nos dá num só instante a compreensão do que devemos fazer e aperfeiçoa em nós a prudência para o bem pessoal e da coletividade”.
Portanto, “se não sabe o que fazer, peça o dom do conselho”.
Então, destaca, do livro do padre Miguel:
“O dom do conselho é uma luz do Espírito Santo pela qual a razão prática, em casos particulares, vê e avalia acertadamente o que em determinado caso é preciso fazer e de que meios é preciso utilizar-se, especialmente nas circunstâncias mais difíceis da vida”.
E este dom, ele destaca nesta quarta palestra, gera em nós paz de espírito, porque a gente sabe que está na direção de Deus!
O Dom da Fortaleza
Este dom pode agir em nossa vida de duas formas: de forma ativa e de forma passiva.
A fortaleza ativa “é a força do caráter para alcançar um bem, suportar coisas difíceis, com constância, coragem, ousadia. Já o dom da fortaleza aperfeiçoa essa fortaleza passiva, torna ela ativa, faz com que alma realize grandes coisas e sofra mais por Deus, apesar de todos os obstáculos”.
“O dom da fortaleza é aquela força que nos faz suportar obstáculos para fazer o bem”. Logo, “o dom da fortaleza está ligado ao bem que a gente precisa fazer”.
Na prática, o dom da fortaleza “significa agir e sofrer, em meio as maiores dificuldades, ao preço de atos simples, heroicos”. Ele se manifesta nas tentações prolongadas, na aridez, na dificuldade na oração, no trabalho, nas perseguições.
E a condição para alcançar o dom da fortaleza é morrer para si mesmo. E explicou: “O dom da fortaleza me convida para que eu morra para mim mesmo como a melhor preparação para que eu seja destemido”.
O Dom da Ciência
Não se trata do conhecimento adquirido, mas sim do aperfeiçoamento do dom da justiça, no sentido de que faz com que nós façamos um sadio julgamento sobre as coisas criadas e o relacionamento com Deus.
“Na prática, o dom da ciência ensina a conhecer o valor da vida, o valor dos bens temporais e da sua justa utilização”.
“Esse dom aponta para o relacionamento mútuo de acontecimentos aparentemente casuais, mas na realidade planejadamente dirigidos pela misericordiosíssima Providência aos Seus eternos propósitos”, afirma o padre Miguel em seu livro.
“E para se alcançar esse dom é somente pela ardente oração”.
O Dom do Temor a Deus
Este dom é, de modo especial, um convite a santidade.
Então, Ricardo explica: “Existe o temor natural, que é o medo que temos de que algo possa acontecer com a gente; existe o temor sobrenatural, que é o temor do pecado como um castigo eterno; que é também um temor servil, mas esse não nos leva para a salvação. Ele pode ser um pouquinho mais nobre porque está relacionado também ao amor de Deus. Mas o temor mais eficaz é o temos do pecado como culpa que ofende a Deus que é digno de infinito amor”.
E continua: “Grande fruto do temor a Deus é quando nos observamos indo para o confessionário mais preocupados com uma perfeita contrição do que com uma listinha de pecado”.
E a contrição é o sentimento de amor a Deus. “É quando a gente passa a buscar não pecar mais por amor a Deus e não por medo do inferno”.
O temor a Deus é um temor filial que, a medida que nós desenvolvemos, afasta esses outros temores.
Logo, Ricardo citou três principais atos no dom do temor: sentimento de grandeza de Deus, perfeita contrição e a cuidadosa solicitudes em evitar ocasiões de pecado por amor a Deus.
Encerrando a quarta palestra, Ricardo Sá convidou os congressistas a não só realizar práticas de oração e devoção, mas principalmente se aproximar do Coração Misericordioso de Jesus.