Geralmente associamos Santa Maria Faustina Kowalska com o Cristo ressuscitado e glorificado, retratado na imagem da Divina Misericórdia. No entanto, poucos santos na história da Igreja eram tão devotos ao Menino Jesus quanto Santa Faustina. Enquanto ela se lembrava particularmente do Menino Jesus no Natal, em que Ele era uma presença viva que a Irmã passou a apreciar – uma fonte constante de inspiração e alegria.
Alegria e maravilha em Sua presença
De fato, às vezes Jesus apareceu a Santa Faustina como uma criança sem outro objetivo claro do que expressar Seu terno amor por ela e alegrar seu coração. Tornou-se um presente da Presença Divina. Na véspera de Natal de 1937, por exemplo, Santa Faustina escreve sobre um desses encontros com o Santo Menino:
Quando vim para a Missa do Galo, já no começo da santa Missa, mergulhei toda em profundo recolhimento e vi a gruta de Belém repleta de muita luz. A Virgem Santíssima envolvia Jesus em faixas, inteiramente absorta em grande amor, mas São José ainda dormia. Foi somente quando a Mãe de Deus acomodou Jesus na manjedoura que a claridade de Deus acordou São José que também se pôs a rezar. Porém, em seguida, fiquei a sós com o Menino Jesus que estendia para mim os Seus bracinhos, e compreendi que era para eu tomá-Lo em meus braços. Jesus recostou a Sua cabecinha em meu coração e com o Seu profundo olhar me deu a conhecer que estava sentindo-se bem junto ao meu coração. (Diário, 1442).
Momentos de oração como este encheram Santa Faustina de admiração com o mistério da Encarnação: Deus nos amou tanto que veio entre nós e nasceu em uma manjedoura humilde para conquistar nosso coração. Assim, Santa Faustina lembra a cada um de nós o valor de abrandar e simplesmente aproveitar a santa presença do Menino Jesus.
Sua pequenez inspira confiança
Santa Faustina também descobriu que a devoção ao Cristo Menino aprofunda nossa confiança em Deus, porque sabemos que nada temos a temer de um Deus que se abaixaria tanto a ponto de se tornar uma criança pequena para nós. Que pecador arrependido pode se encolher de medo diante do Deus Todo-Poderoso que Tudo Vê, Três vezes Santo, se Ele se entregar a nós em fraqueza e desamparo, com os sorrisos e lágrimas de uma criança? Ele desarma nosso medo de Sua justiça com Sua pequenez.
Após a Santa Comunhão, um dia, Santa Faustina experimentou o poder desarmante do pequeno Menino Jesus em uma de suas visões mais emocionantes:
(…) vi de repente o Menino Jesus, em pé ao lado do meu genuflexório, apoiando-se nele com ambas as mãozinhas. Embora fosse um Menino, o temor e o medo invadiram a minha alma, pois vejo Nele meu Juiz, Senhor e Criador, diante de Sua santidade tremem os anjos. Por outro lado, a minha alma foi inundada por um amor inconcebível; pareceu-me que estava morrendo sob a sua influência. (Diário, 566).
Santa Faustina chegou a apreciar que o mesmo Jesus que veio como seu juiz, Senhor e Criador, também a amava com a ternura de uma criança pequena. Com grande confiança, ela entendeu que Jesus estava fortalecendo sua alma e tornando-a “capaz de permanecer com Ele” (Diário, 566). Encontramos um ensinamento semelhante nas meditações de Santo Afonso Liguori, especialmente em um intitulado “A Palavra Eterna Se Torna Pequena”:
Se o Redentor tivesse chegado a ser temido e respeitado pelos homens, Ele viria como um homem adulto e com dignidade real: mas porque Ele veio para ganhar nosso amor, Ele escolheu vir e se mostrar como uma criança e o mais pobre dos bebês, nascido em um estábulo frio entre dois animais, deitado em uma manjedoura em palha, sem roupas ou fogo para aquecer Seus membros trêmulos: “Assim nasceria ele, que desejava ser amado e não temido”.
Podemos crescer em maior confiança em Jesus, contemplando Sua pequenez e reconhecendo Nele nosso Juiz, Senhor e Criador? Santa Faustina nos ajudará.
O Caminho da Infância Espiritual
Com o Menino Jesus, Santa Faustina aprendeu também uma lição muito importante para sua jornada espiritual – o caminho da infância espiritual. Várias vezes o Menino Jesus apareceu para ela e lhe ensinou esta lição. Ela escreve sobre o que aconteceu durante a missa um dia:
“Vi junto ao meu genuflexório o Menino Jesus, como se tivesse um ano de idade, e Ele me pedia que O pegasse nos meus braços. Quando O tomei nos braços, reclinou-se no meu coração e me disse: Sinto-Me bem junto do teu coração. Porque quero ensinar-te a infância espiritual. Quero que sejas muito pequena, porque, quando és pequena, Eu te carrego junto ao Meu Coração, da mesma maneira como tu neste momento Me seguras junto ao teu coração” (Diário, 1481).
Em outra aparição a Santa Faustina, o Menino Jesus disse a ela: “Sou e convivo contigo como criancinha, para te ensinar a humildade e a simplicidade.” (Diário, 184) – revelando a ela as principais virtudes do caminho da espiritualidade. As revelações de Jesus aqui estão muito próximas do espírito de Santa Teresa, “A Pequena Flor”. Teresa escreveu em sua autobiografia: “Jesus escolheu me mostrar o único caminho que leva à fornalha divina do amor; é o caminho da auto rendição infantil, o caminho de uma criança que dorme, sem medo nos braços do pai.”
O caminho da infância espiritual, no entanto, não é infantil. Não é excessivamente sentimental ou ingênuo. Em vez disso, envolve uma rendição total ao cuidado providencial de nosso Pai celestial – abandono total de nossos próprios planos, opiniões e vontade própria e confiança radical em Deus. Santa Faustina sabia muito bem quão difícil poderia ser uma confiança infantil em Deus – especialmente em tempos de angústia e tristeza. Ela sabia que a chave era confiar em Jesus e não em si mesma a cada passo do caminho.
Fortalecida pela Eucaristia
Por fim, Santa Faustina aprendeu que não seguimos o caminho da infância espiritual por nossa própria força. O próprio Jesus está vivendo em nós e através de nós, se Lhe permitirmos. De fato, Jesus vem para fazer de nosso coração Sua morada. Muitas vezes, o Menino Jesus revelou a Santa Faustina Sua Real Presença na Santa Eucaristia.
Ela escreve sobre uma missa celebrada por seu diretor espiritual, pe. Joseph Andrasz, SJ: “(…) vi o pequeno Menino Jesus, que estava sentado no cálice da santa Missa com as mãozinhas estendidas para nós. Após um profundo olhar, disse-me estas palavras: Resido em teu coração tal como Me vês neste cálice” (Diário, 1346). O pequeno Jesus está instruindo Santa Faustina que, através de Sua Presença Eucarística, Ele habita em seu coração como fonte de sua força.
Assim como o menino Jesus a fortaleceu na Eucaristia, Sua presença permanente também encheu seu coração de grande alegria. Seu desejo cresceu somente por Ele como o maior tesouro de todos. Ela escreve em 2 de fevereiro de 1936:
“(…) quando começou a santa Missa, reinou na minha alma um estranho silêncio e alegria. Então, vi a Mãe Santíssima com o Menino Jesus e São José, que estava parado atrás dela. A Mãe Santíssima disse-me: Eis aqui o teu maior tesouro. — E entregou-me o Menino Jesus. Quando O recebi nos meus braços, desapareceram a Mãe Santíssima e São José, e fiquei sozinha com o Menino Jesus.” (Diário, 608).
Assim, o pequeno Jesus tornou-se tudo para Santa Faustina, enquanto assistia à missa e depois quando O recebia em Santa Comunhão.
Que também possamos apreciar o Cristo Menino como nosso tesouro mais querido na Santa Missa neste Natal e, durante o resto do ano. Ele é verdadeiramente Emmanuel, Deus conosco – o presente além de tudo.
Robert Stackpole, STD, é diretor do Instituto João Paulo II da Divina Misericórdia.
Fonte: The Divine Mercy