Padre Sandro de Souza, MIC, vigário do Santuário da Divina Misericórdia, conduziu a terceira palestra do 17º Congresso Nacional da Divina Misericórdia.

A palestra do Padre Sandro é um convite a todos os devotos de Jesus misericordioso a refletirem sobre a nossa pequenez diante da Misericórdia Divina.

Acompanhe abaixo o resumo da pregação!

Como falar de algo tão grande sendo tão pequeno?

Você já experimentou isso, já sentiu que não tem muita coisa, que não sabe quase nada, mas mesmo assim você foi e evangelizou e falou sobre a Misericórdia Divina? Afinal, como podemos falar sobre algo tão grande como a Misericórdia Divina sendo nós tão miseráveis?

Vamos refletir sobre alguns pontos.  São 12 passos para falarmos sobre a Misericórdia Divina mesmo sendo nós tão pequenos:

  1. Sentir-se pequeno diante de algo muito grande aconteceu com muitas pessoas, aconteceu com muitos santos ao longo da história diante da grandeza de Deus. Sentir-se pequeno não é um problema. Problema seria o contrário: seria achar-se sábio e grande. Como humanos, diante do chamado de Deus para falarmos da misericórdia, sentimos medo, reconhecemos que não estamos preparados para isso, somos tímidos. Saiba, que essa reação é a resposta do coração humilde! Um coração orgulhoso diria “Deus só poderia ter chamado a mim, sou preparado para isso, sou o melhor”.
  2. Diante de uma resposta humana humilde, Deus não muda o seu pedido. Deus não muda seu chamado diante da nossa frágil e normal reação. Ele continua chamando pessoas que têm medo, que se sentem pequenas, simples, com pouco estudo, mas que se formaram na universidade do amor e da misericórdia; pessoas que não sabem o que falar e como falar. Essas são as características das pessoas que Deus chama para falar em Seu nome.
  3. Por que Deus escolhe pessoas assim? Por que Deus me escolheu sendo eu tão pequeno? Para que sejamos treinados na confiança. Seguir Jesus Misericordioso significa entrar na escola da confiança. Você já reparou que Ele chama para falar da misericórdia aqueles que mais precisam da misericórdia? Isso é proposital da parte de Deus, para que nós sejamos treinados na escola da confiança.
  4. Nunca vai ser fácil falar da misericórdia de Deus, pois ela é Divina, é Dele. Qualquer um vai se sentir pequeno diante dessa Misericórdia, Santa Faustina sentia-se assim, também seu confessor e diretor espiritual Pe. Sopocko, além de São João Paulo II, também se sentiam pequenos.
  5. Não sabemos tudo sobre a Misericórdia de Deus, porém tudo o que sabemos é suficiente para compreendermos que ela é imensa. Nós nunca conseguiremos falar tudo sobre a Misericórdia Divina, pois ela é muito maior do que tudo o que imaginamos.
  6. Sempre que questionar: como falar de algo tão grande sendo eu tão pequena? Saiba que a misericórdia é não tanto para ser entendida, mas para ser acolhida e praticada.
  7. Olhando para a vida de Santa Faustina, percebemos que ela também teve dificuldade de compreender e revelar a Misericórdia Divina. Ela teve medo, se sentia incapaz. Faustina disse a Jesus que não tinha saúde e nem estudo (cf. Diário, 881), então como poderia falar sobre a misericórdia? Só lhe restou confiar. Como Faustina falou de algo tão grande sendo tão pequena? Duas coisas lhe ajudaram: a consciência da sua miséria e a confiança na Misericórdia Divina. Diante da sua miséria ela foi obrigada a confiar. Tudo o que Santa Faustina escreveu no seu Diário, só pode ser de Deus. A compreensão que ela teve, as palavras que ela usou, só pode ser Deus agindo porque ela confiou.
  8. Falar da misericórdia exige confiança e consciência da própria miséria. O Diário de Santa Faustina deixa claro que existe um abismo entre aquilo que Deus é e o que eu sou. A ponte que une esses dois lados é o amor que se encarnou: Jesus. Ou seja, o que me use à Misericórdia Divina é Jesus, o seu amor que me restaura, cura e liberta.
  9. Contudo, esta ponte depende da confiança que temos em Jesus. Jesus disse para a santa Faustina: “A tua miséria não perturba a Minha misericórdia” (D. 1182). Agora, pensemos ao contrário: A grandeza de Deus te perturba? Deus não se perturba com a nossa miséria e nós também não podemos nos deixar perturbar pela grandeza de Deus.
  10. O nome de Deus é misericórdia. A essência de Deus é a misericórdia. Essa misericórdia não depende de méritos, de merecimento. Às vezes pensamos que aquele que é bom sujeito merece algo de bom, e se faço algo bom mereço receber algo bom em troca. Mas não é assim. Deus não é assim. Deus é sempre bom, assim também eu devo ser.
  11. Deus não me ama porque eu mereço, mas porque eu preciso do Seu amor. Deus nos ama porque Ele é o próprio amor e própria misericórdia. Jesus disse para Santa Faustina: “Sou o Amor e a própria Misericórdia” (D. 1273). Portanto, a ação do ser humano não muda aquilo que Deus é. Tudo o que eu faço não muda a essência de Deus, Seu amor e misericórdia não dependem de mim.
  12. Na Bíblia, a misericórdia é chamada de heset, que significa a fidelidade a si próprio. Deus é amor e misericórdia porque Ele é fiel àquilo que Ele é. Contudo, Deus age com misericórdia esperando que eu aprenda a ser misericordioso. Ele perdoa esperando que a gente aprenda a perdoar. Como, então, falar de algo tão grande, sendo tão pequeno? Aprendendo a amar, a perdoar e a ser misericordioso.