A terceira palestra do último dia do 21ª Congresso Nacional da Misericórdia foi ministrada por Daniela Miranda, missionária da comunidade Canção Nova.

O tema desta terceira palestra foi “A misericórdia de Deus nas virtudes”, baseada nos capítulos 21 a 25 do livro do bem-aventurado padre Miguel Sopoćko, diretor espiritual de Santa Faustina.

Acompanhe a síntese!

Terceira palestra: A misericórdia e as virtudes

Daniela iniciou este momento lendo o texto bíblico:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e co­nhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuís­se todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como crian­ça. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade”. (1 Cor 13)

As virtudes teologais

Em seguida, ela destacou um trecho do livro do padre Miguel: “Há três virtudes teologais − a fé, a esperança e o amor. Elas têm esse nome porque o seu objeto é Deus, como objeti­vo sobrenatural”.

E destacou: “A nossa vida aqui, por mais natural que ela seja, comporta as realidades naturais, nós temos a nossa alma que nos eleva e faz com que tenhamos a perspectiva sobrenatural. E aqui nós vamos falar desse sobrenatural como um dom de Deus. Porque não é mérito nosso, mas é presente, é dom, que Deus coloca no nosso coração”.

Em seguida, ela questiona: “Qual será a virtude mais necessária nos tempos atuais? Hoje nós vivemos as três, mas no céu vamos precisar das três?”. Então, responde: “Não! No céu nós não precisaremos mais de fé, porque veremos Deus face a face”.

E continuou: “Nós vamos cultivando as virtudes para viver aqui com esta perspectiva de céu. Então vamos nos empenhar em viver essas virtudes”. Logo, “o nosso coração precisa ter este impulso de céu, de vida eterna, de querer as coisas do alto, de viver as virtudes. Viver aqui com os pés na terra, mas, como dizemos na santa Missa, ‘corações ao alto, o nosso coração está em Deus’”.

Terceira palestra: O que afastam as virtudes

O padre Miguel ensina em seu livro que o pecado grave afasta de nós essas virtudes.  Logo, se estamos buscando a vivência das virtudes da a fé, esperança e caridade – então devemos lutar para não pecar.

Em seguida, a palestrante recordou Santa Faustina que diz que quando enxergava sua própria miséria, dizia que não queria viver assim porque queria estar com o Senhor o tempo inteiro.

“E nós devemos ser assim: tudo o que nos afasta de Deus nós devemos afastar de nossa vida, e o que nos afasta de Deus é o pecado grave. Então precisamos lutar para não cair no pecado – observando os 10 mandamentos. Precisamos lutar todos os dias, conhecendo as nossas fragilidades”.

As virtudes cardeais

Do livro do padre Miguel, nesta terceira palestra Daniela leu: “existem ainda as virtudes cardeais in­fusas, das quais quatro são as principais: a prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza”. E em seguida falou rapidamente sobre cada uma delas:

Prudência: avaliar o bem lícito. “Então eu vou buscar viver a prudência para não cair, para continuar com a minha mira no céu”.

Temperança: preservar a moderação no bem criado.

Fortaleza: vencer as dificuldades que nos afastam do bem.

Justiça: persevere a ordem em relação aos outros.

Em seguida, questionou: “O que é mais importante no homem atual? Será a fé, será a caridade, será a esperança?”.

O Dom da fé

Imagem: Laurek Fotografia

Em seguida, leu o trecho do livro do padre Miguel:

“A experiência também ensina que mui­tos pecadores que perderam o amor de Deus têm, no entanto, a fé e a esperança na Sua infinita misericórdia, para poderem converter-se e recuperar a perdida graça da justificação”.

Sendo assim, comentou: “Vejam como é importante despertar no outro a fé. Então quando você for na casa de alguém rezar o terço, desperte no outro a fé, desperte no outro a virtude de amar a Deus sobre todas as coisas”.

E destacou novamente do livro: “A fé é a base e a raiz também da esperança, que sem a fé perece como uma planta perece sem a água”.

Nesta terceira palestra, Daniela constatou: “quantas pessoas estão perecendo no caminho porque não têm mais fé”. Por isso, “precisamos despertar no coração das pessoas o dom da fé. Muitas pessoas estão caindo justamente no pecado de não acreditar em Deus”.

Além disso, muitos “começam a aprender outras palavras para dizer de Deus. Elas dizem: o sobrenatural, o homem lá em cima, tantas outras coisas, para não dizer: Deus”.

Por isso, “quando estivermos diante de Jesus Eucarístico devemos rezar por este mundo sem fé”.  “A fé é a base e a raiz da esperança”.

Em seguida, destaca que o padre Miguel diz que a fé vem da pregação e a pregação, pela Palavra de Cristo (cf. Rm 10,17). Sendo assim, “nós precisamos proclamar a Palavra”.

“A fé é um dom da Divina Misericórdia para nós! E muitas pessoas estão desperdiçando esse presente! Será que os presentes que recebemos de Deus nós estamos utilizando? Faça essa avaliação: será que você está usando o dom da fé?”

O Dom da Esperança

Em seguida leu do livro do padre Miguel:

“Um consolo especial é para nós o dogma da comunhão dos santos, de que em Cristo Senhor e no Espírito Santo unimo-nos todos, vivos e falecidos, numa só família”.

Então destacou: “Isso gera esperança em nosso coração!”

E destacou que cabe a todos nós, devotos da Misericórdia, Apóstolos Eucarísticos da Divina Misericórdia, ser um instrumento para despertar a fé nas pessoas, uma fé que empurra para a esperança.

Mais uma vez destacou as palavras do padre Miguel:

“A esperança é a virtude divina pela qual aguardamos com confiança a salvação eterna e os meios que a ela condu­zem. Trata-se, portanto, de um dom da misericórdia de Deus, que eleva as nossas almas, afasta-as dos bens terrenos e di­rige-as ao céu”.

Por isso, “a esperança precisa vibrar em nosso coração”, destacou nesta terceira palestra e citou as palavras de Santa Faustina, que diz:

“Caminho pela vida por entre arco-íris e tempesta­des, mas com a fronte altivamente erguida, porque sou filha de Rei, porque sinto que o sangue de Cristo circula nas minhas veias, e coloquei a minha confian­ça na grande misericórdia do Senhor” (Diário 992).

E ressaltou: “é essa esperança, é essa alegria” que devemos ter em nossa vida.

Mais uma vez, leu o trecho do livro do padre Miguel:

“Por isso, dirigimo-nos a Ele como à fonte da nossa felicidade, espe­rando que Ele, pela Sua infinita misericórdia, nos concederá a adequada ajuda para isso. A esperança é, portanto, o amor sobrenatural que deseja a Deus, a quem conhecemos pela fé como bondoso e misericordioso e, além disso, todo-poderoso”.

Por isso afirmou: “Gostaria que você saísse daqui tendo a certeza de que o seu Pai é o Pai das Misericórdia, que te deu uma caixinha com três presentes: a fé, a esperança e a caridade. E esses três dons são para você usar. Lembre desses três dons quando estiver rezando o Terço da Misericórdia, quando estiver intercedendo”.

Do livro do padre Miguel, destacou: “Que não me iludam os prazeres e os sucessos passageiros, e que os sofri­mentos nunca sejam motivo de desespero. Quero viver com o espírito no céu e com frequência pedir a graça da perseverança até o fim”.

Daniela afirmou nesta terceira palestra: “É esta perseverança até o fim que nós precisamos ter”.

A misericórdia no amor a Deus

Imagem: Laurek Fotografia

Deus por primeiro nos amou. Logo quando ouvimos que precisamos voltar ao primeiro amor, trata-se do amor que Deus tem para comigo. E “o conhecimento da Divina Misericórdia desperta em nós o amor por Ele mesmo, porque Ele é o Pai”.

Amamos a Deus acima de tudo quando o apreciamos mais que qualquer coisa, porque “tudo o que Deus nos deu é menor do que Ele”. Em seguida questionou: A quem amamos mais? O presente ou quem nos deu o presente?

“E o amor jamais acabará, porque se no céu a gente não precisa mais de fé e de esperança, já o amor permanece, nós continuaremos amando a Deus”.

“O amor une a alma com Deus num grau superior e a trans­forma: influencia a inteligência, para que pense em Deus, − a vontade, para que se submeta à vontade de Deus”, destacou do livro do padre Miguel.

Em seguida, nesta terceira palestra, Daniela contou que o que mais chama sua atenção em Santa Faustina é o desejo dela de fazer a vontade de Deus.  À ponto de riscar em seu caderno e escrever que a parti de então só quer o que for da vontade de Deus.

“E a vontade de Deus para nós é de felicidade!”

O amor ao próximo

“O amor, finalmente, enche a alma de grande alegria e a am­plia. Porquanto a alegria surge em nós quando possuímos o bem. Pelo amor de Deus possuímos o bem supremo, e por isso essa alegria vem acompanhada da máxima e da mais indizível paz interior”, leu do livro do padre Miguel.

“E hoje, como vemos as pessoas? Desesperadas!”.

Por isso, “o mundo precisa tanto dessas três virtudes: fé, esperança e caridade (amor) – que cada um já ganhou, no batismo, então é só usar. E nós precisamos despertá-las nesse povo que ainda está no desespero, na ansiedade. Se conseguíssemos fazer com que as pessoas deixassem de ser ansiosas pelas coisas do mundo e fossem ansiosas pelas coisas do céu – ficariam curadas”.

“E qual é o remédio para a humanidade? A Divina Misericórdia! E esse remédio é para ser tomado todos os dias!”.

“Uma vez que sentimos esse amor a Deus tão grande, o próximo passo é olhar para o lado e ver aquele que é amado também por Deus”.  

E recordou: “o amor é paciente, caridoso, bondoso, não tem inveja – é esse amor que nós precisamos mirar”.

Encerrando, recordou “a nossa mira é o céu!”.