Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres

Testemunho de conversão do pior criminoso da Tanzânia

 

 Na última terça-feira, dia 23, esteve no Santuário da Divina Misericórdia, participando do Grupo de Oração o missionário Estelatus Mtemanyenja, da Tanzânia, para contar o testemunho da sua vida.

Após ser demitido da empresa em que trabalhava Estelatus uniu-se a uma quadrilha especializada em roubo, tráfico, prostituição e falsificação de bebidas. Cometeu 7 assassinatos e tornou-se o criminoso mais procurado da Tanzânia.

Hoje, Estelatus é um homem novo. É coordenador nacional da Renovação Carismática Católica da Tanzânia, casado, pai de 3 filhos, e é conhecido como o novo São Paulo da África.

Primeiramente Estelatus contou o seu testemunho, depois refletiu sobre a Palavra do Senhor e encerrou rezando pelos enfermos.

Estelatus e o tradutor Celso Deretti

Eu tenho 65 anos, mas quando eu era mais jovem, cerca de 27 anos, eu era muito mau. Fumava maconha, vendia maconha, brigava nas ruas, também me tornei um ladrão. Eu tinha um amigo no exército e ele me deu uma submetralhadora. Então eu comecei a roubar as pessoas, lojas e até bancos.

Um dia o governo fez uma grande operação no país, me capturou e me mandou para a prisão. Depois da guerra entre Tanzânia e Uganda havia muita disseminação de armas e roubos em todo o país, então o governo treinou uma equipe com soldados de elite para capturar os ladrões da Tanzânia.

Fomos levados à capital da cidade Dar es Salaam, e de lá nós conseguimos escapar, porém muitos foram capturados novamente, alguns sumiram e muitos foram mortos.

Fui transferido para uma prisão na localidade de Tabora.

Em 1982 nos informaram que os prisioneiros poderiam jejuar durante o tempo da Quaresma. Eu não estava interessado, frequentava a igreja apenas no Natal, Páscoa, e raramente durante algum casamento ou batizado.

Mas eu escrevi o meu nome para fazer o jejum quaresmal, só que o meu interesse não era agradar a Deus, e sim receber o arroz e peixe que nos era dado. Então em inscrevi e fui para a cela onde era realizado o jejum.

BÍBLIA

Uma das pessoas que estava naquela cela era muçulmana, e ele começou a me ensinar sobre a Bíblia, citando versículos. Ele havia sido educado num Monastério Beneditino, então ele conhecia a Bíblia.

Mesmo na prisão eu continuei vendendo maconha, também fumava maconha e confeccionada gorros para muçulmanos, para vender e ter dinheiro, e isso continuou durante muito tempo.

Um dia, estávamos orando, antes de jejuar, e foi ale que aumentou o meu desejo de ler a Bíblia.

Num desses dias, olhei um prisioneiro, meu companheiro de cela, e ele estava tremendo de frio à minha frente. Ele estava sem blusa, porque eu havia roubado a camisa dele para retirar os fios e confeccionar os gorros.

Eu fabriquei muitos gorros, os guardas vendiam fora para mim e me traziam maconha. Mas quando eu vi aquele meu companheiro tremendo eu parei e comecei a ler a Bíblia com mais dedicação, li do Gênesis ao Apocalipse. Li e reli algumas vezes.

Fiquei muito contente ao ler a respeito de Moisés, sobre a maneira como ele lutava contra seus inimigos. Também ficava muito feliz lendo sobre Sansão e os guerreiros valentes, eu gostava de ler sobre Davi, porque ele gostava de lutar e era como uma estrela. E eu queria ser igual a Davi, assim continuei lendo a Bíblia.

Quando comecei a ler os Evangelhos eu pensei: ‘Nossa, como Jesus é inteligente, como ele consegue persuadir as pessoas. Eu preciso ser igual a Jesus.’

Eu lia a Bíblia a noite e pela manhã reuni um grupo de pessoas para ler comigo a Bíblia. Foi assim que começou.

Em 1983, depois de um ano e meio lendo a Bíblia, um dia o Espírito Santo me tocou por dentro. Ele disse para mim a noite: Amanhã cedo você vai pregar a Palavra.

De manhã cedo eu peguei a Bíblia e queria pregar, mas eu não tinha coragem. Dentro da prisão passei por alguns comparsas que haviam roubado comigo, passei por eles e notei que ficaram com medo. Eu também fiquei com medo, e não preguei naquele dia.

À noite, eu vi um gigante à minha frente, ele segurou as minhas pernas e mãos e me levou até um abismo, como o fim do mundo e me atirou. Eu comecei a cair e sentia até o vento me tocando enquanto eu caia. Isso durou toda a noite, e eu fiquei com muito medo de morrer.

De manhã peguei a minha Bíblia e fui à frente das pessoas e comecei a pregar. As pessoas olhavam para mim como seu eu estivei louco.

Alguns que havia roubado comigo diziam, ‘agora você quer dar uma de santo para cima de nós?’.

Algumas pessoas começaram a levantar pela manhã louvando a Deus e lendo a Bíblia, eu pregava para essas pessoas e era muito bom. O Espírito Santo estava na prisão entre nós.

Uma vez chegou um pastor para pregar na prisão e me disse: ‘Se você foi um criminoso e roubou lá fora, foi preso e se você nasceu de novo, você jamais irá para o céu. A não ser que você restitua todo dinheiro que você roubou’. Foi um problema. Eu disse: ‘Jesus, por que você está me ensinando? Por que está me chamando a pregar o evangelho? Por que você está dizendo que não vou para o céu?’ Eu chorei, chorei, chorei.

Num outro dia, Jesus me disse: ‘Leia João 8,36’. A Bíblia diz o seguinte: Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. Então eu fiquei livre daquele fardo.

No dia que me disseram que eu deveria pagar o dinheiro, eu falei para Jesus: Senhor vamos fazer um acordo, me deixa sair da prisão para que eu possa roubar 1, 2, 3 lojas e bancos e pagar o dinheiro que eu havia roubado. Esse era o meu acordo, eu estava fazendo negócios com Jesus.

E Jesus me respondeu: ‘Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres’. E aí eu continuei pregando na prisão.

SOLITÁRIA

Nisso os muçulmanos foram até o chefe da prisão e me acusaram por eu estar pregando. Como existiam muitas religiões afirmavam que eu estava querendo força-los a minha religião. O chefe pra prisão decidiu que dali pra frente não iria mais haver pregação apenas oração na prisão.

Quando chegou a noite, o Espírito Santo me disse: ‘Acorda e prega a minha Palavra’. Eu peguei a minha Bíblia e comecei a pregar o Evangelho. Por desobedecer fui levado para a solitária.

Lá eu recebia apenas uma fatia de polenta e a cada quatro horas me jogavam um balde de água fria. Permaneci durante 7 dia na solitária.

Quando sai de lá meus companheiros vieram a mim e me deram comida, roupas, banho. Eles me aconselharam a parar de pregar.

Mas a noite veio o Espírito Santo e me disse: ‘Acorda, pega a Bíblia, prega o Evangelho. Então eu fiz isso. E fui parar novamente na solitária, agora por 2 semanas.

Quando sai estava muito magro, me deram um pouco de mingau. Disseram-me para não mais pregar e eu disse que sim, não iria mais pregar.

Então durante a noite o Espírito Santo me disse novamente para pregar. Foi o que eu fiz pela manhã.

Pela terceira vez me jogaram na solitária. Por mais 2 semanas. Eu já estava virado num palito.

Todo mundo me dizia ‘você vai morrer’, e depois de 2 semanas eu sai, muito mais magro.

Disseram-me: ‘se você voltar para lá você vai morrer’, eu disse é verdade.

Quando fui dormir, novamente veio o Espírito Santo. E eu comecei a pregar a Palavra. Então chamaram o chefe, ele disse: ‘eu preciso ver esse homem’.

Ele veio, olhou pra mim e me perguntou: ‘por que você está pregando? Você tem que parar.’ Eu disse: ‘porque o Altíssimo, que está acima de você, me mandou’. Quando ele ouviu Altíssimo, ele disse: ‘esse homem é louco, deixa-o pregar’.

Eu fiquei livre para pregar o Evangelho, e foi o que eu fiz.

JULGAMENTO

Depois de um tempo a Anistia Internacional foi até o presidente e dizendo que muitas pessoas tinham sido detidas sem terem sido levadas a julgamento. Então o presidente ordenou ao chefe de polícia que todos os prisioneiros deveriam fazer um relatório das suas acusações e crimes, para serem levados a julgamento.

Eu tinha 13 acusações contra mim, dessas 7 eram acusações de latrocínio. Eu disse com tantos casos eu vou morrer na prisão.

Veio o chefe da prisão, um dia, com uma lista dos que seriam libertos de acordo com a Anistia internacional.

Eu fui o único a ser liberto da prisão. Dentre todos eu fui o único chamado. Fui levado ao chefe, ele me olhou e disse que eu estava tão magro que se voltasse iria morrer de qualquer jeito, e não valeria gastar comida em vão comigo.

Chamaram meu irmão e avisaram que se houvesse algum crime ou roubo eles iriam até mim e se não me encontrassem iam pegar o meu irmão. Também mandaram que todo sábado eu me reportasse à delegacia de polícia.

PREGADOR E MISSIONÁRIO

Meu pai morava numa outra vila e me acolheu de volta em casa. Ele me deu um trator e uma caminhonete para trabalhar na roça com ele. Eu tive que levar uma carta da polícia para esse outro lugar e então comecei a trabalhar na roça.

Um certo dia Jesus disse para mim: ‘olha você não está aqui para trabalhar na roça, prega a minha Palavra’. Acordei no outro dia e fui de porta em porta no vilarejo e convidei cada um deles para vir à igreja, uma cabana que havíamos construído.

Nós celebramos um culto no domingo, sem a presença de um sacerdote. Eu conduzi uma oração pedindo pelos enfermos, pedindo libertação, e as pessoas eram libertas e curadas. O local ficou lotado, muitas outras religiões começaram a aparecer.

Mais tarde conheci a Renovação Carismática Católica, e levei um padre até aquelas pessoas. Ele queria ver como eu conduzia a oração e como as pessoas eram curadas.

Mais tarde fui para uma igreja em Dar es Salaam, e ali naquela pequena cabana hoje é uma paróquia com um padre, onde as pessoas adoram a Jesus.

Em 1989 estava em Dar es Salaam onde conheci um grupo de oração, na década de 90 me tornei coordenador do grupo. Em 1995 me tornei coordenador diocesano, em 2007 me tornei coordenador da diocese e num congresso nacional da RCC fui eleito o coordenador nacional da RCC na Tanzânia. Durante 10 anos exerci esse mandato, até o último novembro, quando eu disse ‘agora chega de liderança, eu quero passar o resto da minha vida pregando o evangelho para as nações’.

Por isso estou aqui hoje!

Hoje é o seu dia! O Espírito Santo vai descer sobre você, e você vai acordar, vai pregar o Evangelho, e verá a sua vida transformada, será uma nova pessoa.  Receba o poder do Espírito Santo sobre a sua vida.