Ele estava assustado. Os resultados de seu teste de hepatite C haviam voltado e as notícias eram ruins: ele tinha resultado positivo.

Isso foi no início dos anos 90, e ainda não havia tratamento confiável para a doença. Devido ao estigma associado ao seu diagnóstico, ele não se sentia à vontade para compartilhar as notícias, nem mesmo com a família. Ele era, no entanto, um visitante regular do Santuário Nacional da Divina Misericórdia em Stockbridge, (Massachusetts-EUA) e decidiu que, na ausência de um amigo terrestre, ele se voltaria para um celestial: a então Venerável Serva de Deus Irmã Maria Faustina Kowalska.

Na época, poucas pessoas haviam ouvido falar da Secretária e Apóstola da Misericórdia. O que atraiu Miguel (o nome original foi preservado) foi a presença da Irmã no Santuário em forma de relíquia de primeiro grau. Sentindo-se “estressado e preocupado”, ele começou a pedir a intercessão de Santa Faustina enquanto tocava o relicário.

“A relíquia fez a presença de Faustina mais real”, disse ele. “Ela é real e fez o que disse que faria”.

O que ela disse que faria?

Como lemos em seu Diário (183), numa manhã de inverno, seis décadas antes do assustador diagnóstico que fez Miguel se ajoelhar, Irmã Faustina ouviu nosso Senhor dizer-lhe estas palavras depois da Santa Ceia: “Desejo que Me acompanhes quando vou aos doentes“. Depois disso, sempre que o sacerdote levava a Sagrada Comunhão ao leito de uma pessoa doente, Faustina levava uma vela acesa. Nessas ocasiões, ela se considerava “um cavaleiro de Jesus” e usava um cinto de ferro, uma mortificação que oferecia aos doentes.

Sessenta anos depois, quando Miguel pediu ajuda, Faustina não podia mais oferecer mortificações corporais. Ela poderia, no entanto, oferecer sua amizade, sua compaixão e suas orações.

“Se não puder demonstrar a misericórdia com a ação nem com a palavra”, escreveu ela na terra, “sempre a posso com a oração. A minha oração pode atingir até onde não posso estar fisicamente.” (Diário, 163).

Miguel acreditava firmemente que ela fez exatamente isso, e ele encontrou uma maneira de compensar a falta física de sua mão para segurar enquanto andava no caminho da doença.

No Santuário, comprou uma medalha com a Imagem da Divina Misericórdia de um lado e a face da Irmã Faustina do outro. Ele tocou a medalha na relíquia de primeiro grau de S. Faustina e pediu a ela para ficar ao lado dele durante a provação à frente. Ela não o decepcionou.

Ele passou a usar a medalha e ler o Diário. Via seu hepatologista regularmente, que checava o fígado em busca de danos. Sua condição permaneceu estável.

Enquanto isso, Ir. Faustina tornou-se “Beata Faustina” em sua beatificação no dia 18 de abril de 1993. Miguel continuou voltando ao Santuário e visitando sua relíquia de primeiro grau e continuou pedindo sua intercessão. Em abril de 2000, ela foi canonizada.

Então, em dezembro de 2002, um teste não detectou a presença do vírus da hepatite C no corpo de Miguel. Ele foi checado novamente seis meses depois. Sem vírus. Neste ponto, ele foi considerado curado. Por não ter sido tratado com drogas, sua cura é chamada de remissão espontânea, que ocorre em cerca de 10% dos casos de hepatite C. Seu médico lhe disse que esse era o único caso de remissão espontânea que ele já vira.

Miguel quer que sua história seja conhecida. “Eu devo a ela que as pessoas saibam que a Irmã ainda está curando as pessoas“, diz ele.

Fonte: Divine Mercy.