A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou no último dia 6 uma mensagem do seu presidente, o arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo sobre as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil.

A mensagem está sendo difundia por meio de vídeo com uma reflexão sobre o 7 de setembro e a comemoração do bicentenário da independência. Para Dom Walmor, a data é uma oportunidade para cultivar a coragem cristã que é o alicerce para o exercício da cidadania. “Coragem essencial para darmos passos novos na consolidação de uma independência sonhada há duzentos anos, mas que para se efetivar exige e a dedicação de cada pessoa”, ele afirmou.

Dom Walmor ressalta na mensagem que a conquista da independência do Brasil é um processo que teve avanços e retrocessos. “Uma nação verdadeiramente independente e democraticamente soberana não se curva aos interesses econômicos de um mercado que é indiferente às desigualdades sociais”, definiu o arcebispo.

Na contramão da independência

Na opinião de Dom Walmor, reafirmar a independência do Brasil é não tolerar ataques à democracia e às instituições que possibilitam a participação dos brasileiros na definição do rumo do país. “O Brasil precisa urgentemente trilhar novos caminhos para superar problemas que estão na contramão da independência. Indicadores mostram que a fome avançou mais rapidamente no Brasil nos últimos dois anos. Fica a pergunta: existe independência num país com mais de 32 milhões de pessoas aprisionadas na fome? Há de ser considerada também a grave degradação ambiental que consome as nossas florestas, polui oceanos e rios e leva embora nossas serras, impondo sacrifícios à grande parte da população”.

Ele ainda questiona: “O que ouviríamos de um indígena que teve a terra onde vive e onde estão sepultados os seus antepassados devastada por um extrativismo predatório no Brasil? Como falar em independência quando muitas comunidades brasileiras que em nome do emprego e da renda se sujeitam à uma atividade minerária provocadora de mortes e destruição?”.

O arcebispo pede que o Grito de Independência que ecoou às margens do rio Ipiranga há 200 anos possa inspirar hoje em nós gestos cotidianos que possam fazer do Brasil uma nação cada vez mais soberana com menos desigualdades sociais mais justiça e paz.

“Que a celebração da Independência seja mais que um feriado nacional, mas oportunidade de renovação do compromisso de cada brasileiro e brasileira na construção do país que todos queremos”, disse.

A política melhor

Dom Walmor também reconhece na mensagem o trabalho de todos que se dedicam à “política melhor”, conceito apontado pelo Papa Francisco na  Encíclica Fratelli Tutti, onde o Papa reconhece que a vida política é essencial para a construção de uma sociedade justa, solidária e fraterna.

Neste sentido, o presidente da CNBB afirmou: “O Santo Padre pede que todos contribuam para a efetivação da política melhor voltada para a promoção do bem comum”.

“Neste 7 de setembro, rezemos por todos os que se dedicam à promoção da política melhor. Especialmente por cidadãos e cidadãs sensíveis aos clamores dos pobres. Lembremos daqueles que se unem para se fazer escutar a voz dos pequeninos construindo um clamor a partir das manifestações pacíficas neste dia da Independência. Somos todos irmãos e irmãs corresponsáveis uns pelos outros. Que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por todos os brasileiros para que o país avance, cada vez mais, rumo à sua independência”, concluiu.

Assista a mensagem de Dom Walmor na íntegra: