(Foto: Robert Cheaib/Pixabay)

Em comemoração ao 150° aniversário da declaração de São José como padroeiro da Igreja Universal, o Papa Francisco declara, até o dia 8 de dezembro de 2021, um ano especial a São José. Por conta disso, o Pontífice publicou uma carta apostólica. O Santo Padre convida aos fiéis a fortalecerem o relacionamento com São José. O Padre Eli Carlos MIC explica o motivo da igreja dedicar o ano a São José.

Na carta, o Papa destaca que depois de Maria, nenhum santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José. O Beato Pio IX declarou-o como Padroeiro da Igreja Católica. Já o Venerável Pio XII apresentou José como Padroeira dos operários e São João Paulo II como Guardião do Redentor. O Pontífice evidencia em 7 pontos as características da paternidade do esposo de Maria: Pai amado, Pai da ternura, Pai na obediência, Pai no acolhimento, Pai com coragem criativa, Pai trabalhador e Pai na sombra. 

“A grandeza de São José consiste no fato de ter sido o esposo de Maria e o pai de Jesus. Como tal, afirma São João Crisóstomo, «colocou-se inteiramente ao serviço do plano salvífico»” destaca o Papa Francisco. O Santo Padre cita São Paulo VI em que ele diz que a paternidade de José se exprimiu, concretamente, em ter feito a vida um serviço, um sacrifício e ter usado a autoridade que tinha para fazer um dom total de si mesmo, na vida, no trabalho e na vocação. O Papa afirma que a vontade de Deus, a história e o projeto passam através da angústia de José. “Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza” comenta o Papa. Ele ainda salienta que no meio das tempestades e dificuldades, não se deve ter medo, mas deixar Deus cuidar de tudo.

“Em todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu «fiat», como Maria na Anunciação e Jesus no Getsémani.”

Papa Francisco

O Pontífice realça a característica do Pai no acolhimento. José acolheu Maria sem colocar condições prévias. Ele confiou nas palavras ditas pelo Anjo Gabriel. O Papa acrescenta que muitas vezes não se entende o motivo de algumas realidades. Por consequência, a primeira reação é a desilusão e a revolta. “Diversamente, José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história”. O Santo Padre explica que se não há reconciliação com a própria história, sempre se fica refém das expectativas e consequentemente há desilusões.  

José não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte. O acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo. Só o Senhor nos pode dar força para acolher a vida como ela é, aceitando até mesmo as suas contradições, imprevistos e desilusões

Papa Francisco

O Pontífice enfatiza a coragem criativa da paternidade de José. Ainda mais diante das dificuldades, o Papa convida os fiéis a terem a coragem do esposo de Maria. “Se, em determinadas situações, parece que Deus não nos ajuda, isso não significa que nos tenha abandonado, mas que confia em nós com aquilo que podemos projetar, inventar, encontrar” explica o Santo Padre. Dessa forma, o Papa acentua que o papel de José como Guardião da Igreja. “Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria.[23] José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe”. 

São José era carpinteiro e trabalhou muito para sustentar a família. Segundo o Papa, o trabalho se tornou uma oportunidade de apressar a vinda do Reino, desenvolver potencialidades, qualidades e se colocando a serviço da sociedade. O Pontífice ainda comenta que, infelizmente, diversas pessoas perderam o emprego neste período de pandemia. Ele orienta a pedir a São José Trabalhador a graça de um emprego.  O Padre Eli Carlos MIC afirma que o esposo de Maria trabalhou nos “bastidores”.

No último ponto, o Papa destaca a imagem do Pai nas sombras. Ele afirma que ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, não segurá-lo, mas torná-lo capaz de decidir as opções. O Santo Padre ressalta que talvez seja por isso que a tradição refere-se a José como “castíssimo”. “A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O amor que quer possuir, acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca, torna infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e opor-se a Ele”. Segundo o Pontífice, a lógica do amor é sempre a lógica da liberdade. Sendo assim, José soube amar de uma forma extraordinariamente livre.  

“Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade”

Papa Francisco

Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este género de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração”.

Papa Francisco

Por fim, o Papa recomenda que todas as vezes que os fiéis exercitarem a paternidade, precisam se lembrar que nunca é um exercício de posse. “Em certo sentido, estamos sempre todos na condição de José: sombra do único Pai celeste, que «faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus, e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores» (Mt 5, 45); e sombra que acompanha o Filho” finaliza o Pontífice.


O Santo Padre diz que o intuito da carta apostólica é aumentar o amor por São José. E dessa maneira, pedir a intercessão e implorar as virtudes dele. A carta completa está disponível AQUI. Ao final da carta, o Papa Francisco pediu a intercessão de São José através dessa oração: 

Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.
Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. Amém.