A primeira palestra do 21º Congresso Nacional da Divina Misericórdia foi ministrada pelo padre Eli Carlos, MIC, vigário do Santuário da Divina Misericórdia, de Curitiba – PR.

Neste ano, as palestras deste Congresso são baseadas no livro “A misericórdia de Deus em Suas obras, vol. 3”, do bem-aventurado Miguel Sopoćko. O padre Miguel foi o diretor espiritual de Santa Faustina.

Logo, o tema desta primeira palestra do 21º Congresso foi “O espírito Santo é o amor e a misericórdia”.

As últimas palavras de Santa Faustina em seu Diário

Padre Eli começou com a leitura das últimas palavras de Santa Faustina em seu Diário espiritual, quando ela relatou:

“Hoje a majestade de Deus me envolve. Não consigo, de maneira nenhuma, me preparar melhor. Estou inteiramente envolvida por Deus. A minha alma se inflama com Seu amor. Sei apenas que amo e sou amada, e isso me basta. Durante o dia procuro ser fiel ao Espírito Santo e satisfazer as Suas exigên­cias. Procuro o silêncio interior para poder ouvir a Sua voz…” (Diário, 1828).

Logo, dessas palavras padre Eli destacou: “Sei apenas que amo e sou amada, e isso me basta”. E constatou que essas são palavras de maturidade de vida e de fé.  Contudo, essa maturidade em Faustina aconteceu depois de muito sofrimento, depois de uma longa caminhada, depois de tantas lutas.

“Mas olhando para a sua vida, Santa Faustina percebe que O amor de Deus estava presente em cada momento”, ressalta o sacerdote.  “Que nós possamos voltar para as nossas casas, ao final deste Congresso, com esta mesma certeza: sou amado(a), e isto me basta!”. Afinal, “não podemos desejar nada de mais importante em nossa vida do que o amor de Deus”.

No entanto, padre Eli ainda quis destacar das ricas palavras de Santa Faustina as duas últimas frases: “Durante o dia procuro ser fiel ao Espírito Santo e satisfazer as Suas exigên­cias. Procuro o silêncio interior para poder ouvir a Sua voz”.

“E este, ele afirma, é o objetivo desta primeira palestra do 21º Congresso: aprendermos a obedecer ao Espírito Santo, a deixar que a voz do Espírito Santo ecoe em nossas vidas”.

Primeira palestra: A ação do Espírito Santo em nosso meio

Congressistas com o livro “A Misericórdia de Deus em Suas obras, vol. 3”, do padre Miguel Sopocko. Imagem: Laurek fotografia

Padre Miguel afirma no seu livro que a presença de Jesus na Eucaristia perpetua a sua presença no mundo, nas nossas vidas; presença que se concretiza na Igreja, em nós, em meio a nós. E que essa presença se dá por meio do Espírito Santo.

Jesus cumpriu sua missão, entregou sua vida por nós, morreu na cruz, ressuscitou, subiu ao céu e fez uma promessa: “Eu vou mas enviarei o Espírito Santo”. E assim Ele fez, em Pentecostes, 50 dias após sua ressurreição.

“E naquele momento nasce a Igreja, naquele momento a Igreja se torna o sinal visível da presença de Jesus no mundo”, afirmou o padre Eli.

A ação do Espirito Santo no milagre da transubstanciação

E para compreendermos a ação do Espírito Santo em união com a Eucaristia, o Padre Eli convidou os congressistas a meditar um pouco sobre um aspecto importante da Oração Eucarística.

Quando pensamos em Oração Eucarística, sempre nos recordamos das palavras de Jesus ao instituir a Eucaristia e repetidas pelo sacerdote em cada santa Missa: “Isto é o Meu Corpo… Isto é o cálice do Meu Sangue”.  No entanto, o padre ressalta que a Oração Eucarística não se resume a essas palavras; tem o antes e o depois.

Logo, o padre explica que após o momento do “Santo” acontece um clamor ao Espírito Santo, que é o momento em que o sacerdote estende as suas mãos sobre o pão e o vinho, e pede ao Pai:

“enviai Teu Espírito Santo para que estas ofertas se mudem em corpo e sangue…”.

Ou seja, o pão e o vinho somente se transformam em Corpo e Sangue de Jesus após a aclamação ao Espírito Santo.  E, então, quando o sacerdote reza com as palavras de Jesus, “Isto é o Meu Corpo… Isto é o cálice do Meu Sangue”, acontece o milagre da transubstanciação diante dos nossos olhos de fé.

“E não é um milagre realizado pelo padre, é milagre do Espírito Santo, da Santíssima Trindade, para dizer que Ele está no meio de nós”, destacou padre Eli.

A ação do Espirito Santo nos tornando o Corpo de Cristo

Padre Eli Carlos e Padre Francisco Anchieta. Imagem: Laurek fotografia

E após esse importante momento, o sacerdote novamente clama o Espírito Santo de Deus. Faz, então, a oração chamada Epiclese, mas agora não mais sobre o pão e o vinho, mas sim sobre a comunidade.

Ou seja, sobre nós. Então, “de braços abertos, o sacerdote pede ao pai que envie o Espírito Santo para que os fiéis reunidos em comunidade se transformem em corpo de Cristo – ou seja, que nos tornemos Igreja”.

Então, durante a Oração Eucarística, a partir da ação do Espírito Santo, o pão e o vinho se tornam Corpo e Sangue. E também pela ação do Espírito Santo a comunidade se transforma em Corpo de Cristo.

“E quando há unidade é que a Igreja realmente vive como Corpo do Senhor”.

Contudo, o padre ainda chama atenção:

“Não é que simplesmente Jesus está na Igreja, Jesus é a Igreja. Da mesma forma, não é que simplesmente nós estamos na Igreja, nós somos a Igreja, por graça do Espírito Santo que vem sobre nós”.

E isso não cancela as nossas diferenças, mas nos une.  “E como Igreja nós precisamos caminhar unidos”, ressalto padre Eli nesta primeira palestra.

O padre recorda que desde o nosso batismo todos somos templos do Espírito Santo. Mas que “precisamos pedir continuamente ao Espírito Santo que faça de nós homens novos, mulheres novas, porque o mundo quer nos envelhecer. Portanto, se quisermos ser jovens, basta fugirmos do pecado; se quisermos nos renovar a cada dia, basta clamarmos o Espírito Santo de Deus, reconhecendo nossos pecados e pedindo o perdão”.

“Cada vez que nós recebemos o perdão de Deus, cada vez que nos arrependemos dos nosso pecados, o Senhor nos renova – isso é graça do Espírito Santo”.

Primeira palestra: A importância do silêncio

Maria conheceu o Espírito Santo na anunciação, mas Deus não quis que ela tivesse apenas um Filho – Jesus – mas sim que ela tivesse cada um de nós como filho.  “Nós somos filhos da Virgem Maria por vontade de Jesus, por vontade do Pai e por graça do Espírito Santo”.

“A Igreja foi gerada no coração de Maria e nós precisamos ser continuamente gerados no coração dessa mãe que nos ama. Maria, melhor do ninguém, sabe que sem o Espírito Santo de Deus nós nada podemos. Mas a mesma obra que o Espírito Santo realizou nela, ela quer que seja realizada cada dia na Igreja”.

Padre Eli ainda destaca as palavras do Padre Miguel em seu livro, quando diz que o momento imprescindível para recebermos o Espírito Santo é o silêncio. E mais uma vez retorna às palavras de Santa Faustina quando diz “procuro o silêncio interior para poder ouvir a Sua voz” – a voz do Espírito Santo.

Além disso, padre Eli recorda que em outro momento, Santa Faustina afirma no seu Diário que o Espírito Santo não fala a almas tagarelas, que são aquelas não dão espaço ao Espírito de Deus. Logo, não se trata apenas do silêncio de palavras, mas de um silêncio interior, uma paz na certeza de que o Senhor está vindo ao nosso encontro.

Maria é a Virgem do silêncio e o Espírito Santo é Mestre do silêncio. Na Bíblia, afirma o palestrante, não há a voz do Espírito Santo, porque ele fala pela boca dos santos e dos profetas. “Hoje ele fala através da Igreja, mas Ele pessoalmente não fala – o Espírito Santo é silêncio, Ele fala aos corações, cabe a nós, como Igreja, anunciarmos sua mensagem”.   

E outro fator imprescindível para recebermos o Espírito Santo é a oração. Portanto, oração e silêncio devem fazer parte do nosso cotidiano em busca de Deus.

Padre Eli encerrou a primeira palestra do Congresso deste ano com uma oração ao Espírito Santo.