Neste ano de 2018, o Santuário da Divina Misericórdia comemora seu 24° aniversário. E para celebrarmos, recordamos numa entrevista com alguns sacerdotes da Congregação dos Padres Marianos que já estiveram à frente do Santuário como pároco, momentos importantes da Paróquia e divulgamos o que os fiéis podem esperar para os próximos anos.

Padre Jair Batista, MIC – Provincial da Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição, que esteve em Roma até o início de 2017, ao retornar para o Brasil como provincial, conta como vê a existência do Santuário da Divina Misericórdia nestes 24 anos.

Padre Jair: Nesses anos de existência do Santuário, conseguimos perceber uma grande evolução, nas estruturas materiais como também na presença evangelizadora, da acolhida e que irradia a Misericórdia, onde as pessoas podem se encontrar com Jesus Misericordioso.

Durante esses 24 anos de história, eu vejo três etapas: primeiro aqueles inícios muito modestos; o segundo momentos – quando eu era provincial – era o início do processo evolutivo, ainda com o Padre Jan Glica, MIC, como reitor e pároco do Santuário; e depois tivemos um outro tipo de movimentação, ligada ao Grupo de Oração, com a chegada do Padre Edinilson, MIC. O Grupo também foi crescendo ao longo desses 11 anos, acolhendo fiéis de diversas regiões de Curitiba, somando, as vezes mais de duas mil pessoas toda terça-feira, que vem para ter um encontro com Jesus Misericordioso por meio do Grupo de Oração.

Eu comecei trabalhando aqui no ano de 1997, quando a paróquia ainda era muito pequena e pouco conhecida. Vejo que o Santuário tem evoluído exponencialmente, tanto na presença física, como também no ambiente virtual. Hoje, a partir o site e redes sociais, nós temos chegado a quase todos os lugares do Brasil.

Padre Jan Glica, MIC – Primeiro Pároco do Santuário da Divina Misericórdia.

O terreno onde hoje está construído do Santuário era uma herança que o Sr. Herminio Nichele havia oferecido para sua filha religiosa, Envira Nichele, ASCJ. Como o senhor recebeu esse presente?

Padre Jan: Em 1993, durante a Festa do Sagrado Coração de Jesus, conversando com as Irmãs Apostolas do Sagado Coração de Jesus, questionei o que elas fariam com o terreno; a Madre Superiora, Alice Reginato, afirmou ‘vamos construir uma casa de formação, já que vocês não compraram’. Então respondi: ‘Irmã, desses 60 mil m² não poderia me doar um pedaço para construir um Santuário?’ Então vi que algo mudou nos olhos dela.

Um terreno de 20 mil m² foi doado pela Congregação das Irmãs Apostolas do Sagrado Coração de Jesus, na ocasião do centenário da fundação – feita pela Serva de Deus, Irmã Clelia Merloni na Itália – como voto de ação de graças pelo seu desenvolvimento no Brasil. Também foi incluído na escritura que no decorrer de 20 aos nós deveríamos construir o Santuário da Dina Misericórdia.

Como foram os primeiros anos de trabalho?

Padre Jan: Quando ganhamos o terreno eu senti uma alegria, uma satisfação espiritual muito grande. Pensei: eu vou cumprir na minha vida uma santa obra querida por Jesus Cristo (…) Entre os 12 anos que vivi neste lugar, já teve momentos em que pensei desistir. Vim me queixar para Jesus muitas vezes, eu dizia: ‘Jesus, eu confio em vós, mas o Senhor parece que me abandonou’, e Jesus me olhava e respondia: ‘Jan, eu confio em ti também’. Então eu enfrentei as dificuldades (…). Mas se é obra de Deus, Ele vai ajudar. E nós trabalhamos com entusiasmo, eu via como um privilégio enfrentar essa obra. Por isso, em nossos planos, nós temos que refletir sobre a finalidade de um Santuário. As pessoas vão a um Santuário por motivos espirituais, para se converter, para alcançar saúde, abandonar vícios superar o pecado e as dificuldades que afligem a família.

Padre Ednilson de Jesus, MIC – Esteve como Pároco do Santuário entre 2006 e 2012.

Como o senhor vê as mudanças na evangelização do Santuário nesses 24 anos?

Padre Ednilson: De acordo com a mudança cultural e social no que diz respeito a virtudes, valores, houve uma consequente mudança das necessidades dos paroquianos e também de todos aqueles que sempre vieram de muito longe para buscar a Misericórdia Divina no Santuário. Nós da Congregação Mariana, precisamos nos sensibilizar aos diferentes meios de atender esta população que por meio de confissões e atendimentos pediam uma direção. Aos poucos, de acordo com a demanda feita por todos os sacerdotes que pelo Santuário passaram a Igreja enquanto comunidade foi se adequando para, ininterruptamente, nestes 24 anos, dar alimento a quem tem fome e água a quem tem sede.

No período em que o senhor esteve como pároco, o que esse período representou em sua vida?

Padre Ednilson: Estive como pároco entre os anos de 2006 e 2012. Para um sacerdote, estar à frente de uma paróquia é sempre motivo de satisfação devido ao cumprimento da vontade de Deus, pois poder cuidar do rebanho é o motivo primeiro de nosso sim. Posso dizer que o período que estive no Santuário foi um tempo propício de aprendizado e amadurecimento espiritual onde, movido pela fé das pessoas que buscavam Deus em nós seus instrumentos, fui levado cada vez mais a buscar a intimidade com Ele.

O que se pode contar para os leitores sobre as dificuldades que enfrentou como pároco e como passou por cada uma delas, pela obra de Deus?

Padre Ednilson: Acredito que a resposta já está dada na pergunta que você me faz: todas as dificuldades foram superadas pela obra de Deus. Nenhum ser humano está isento do sofrimento e ele se manifesta em qualquer função que ocupemos, em qualquer área em que possamos atuar. Ser pároco é uma grande responsabilidade e toda responsabilidade traz consigo um ônus, ao qual precisamos responder de forma eficaz, sobretudo quando o Superior a quem prestamos contas é Deus. Mas, com a graça Dele, todas as dificuldades foram adubo para que ainda mais frutos fossem vistos e esse é uma grande alegria que supera toda dor.

O Grupo de Oração é uma atividade pastoral que trouxe grande mudança para os trabalhos de evangelização realizados. O que te inspirou a implantar o Grupo de Oração no Santuário?

Padre Ednilson: Os Congressos da Divina Misericórdia, pensados por Deus e colocados em prática pelo saudoso Padre André Krzymyczek, MIC, sempre foram alvo de muitos fiéis, peregrinos que se sentiam atraídos pelo Santuário da Divina Misericórdia e que se deslocavam de todas as regiões de Curitiba e também de outros estados para celebrarem este momento precioso de devoção. Ser fonte para as pessoas de diferentes lugares sempre foi uma marca do Santuário, desde o seu início, e isso atribuo estritamente à devoção à Misericórdia que tocas todos os corações de forma imensa. O Grupo de Oração foi uma forma de estender este momento anual do Congresso em pequenas doses semanais da Misericórdia Divina. Os encontros foram bem acolhidos, o que nos leva a crer que o passo dado foi, assim como os Congressos, pensado por Deus e executado por nós, Padres da Congregação.

Qual o sonho para o Santuário futuramente?

Padre Ednilson: Meu Sonho para o Santuário é que a vontade de Deus se realize neste lugar. Acredito que este é o sonho mais lindo que tanto os sacerdotes quanto os leigos que aqui circulam podem sonhar, pois estar na vontade deste Deus de Misericórdia é o maior presente que um ser humano pode receber.

O que faz do Santuário da Divina Misericórdia um lugar tão especial?

Padre Ednilson: O que faz o Santuário da Divina Misericórdia ser um lugar tão especial é justamente, o nome que carrega, o nome Misericórdia. Sabe-se que este é o lugar para que a miséria humana seja encontrada pelo Coração de Deus e não há espaço que te acolhe independente da circunstância em que você de encontra, independente dos caminhos trilhados antes de chegar ali. A Misericórdia é a mensagem dos tempos atuais e tocará cada vez mais intensamente os corações.

Padre Anchieta Cardoso de Muniz, MIC – Pároco do Santuário da Divina Misericórdia, desde 2014.

Como é estar à frente do Santuário da Divina Misericórdia, que popularmente é reconhecido pelos devotos como um Santuário Nacional?

Padre Anchieta: Estar aqui nesse momento de minha missão e vocação é ter a oportunidade de conhecer e experimentar um pouco mais da grandeza da Misericórdia de Deus.

Sobre a evangelização, como o senhor e os outros padres que trabalham no Santuário, fazem para que a evangelização cresça a cada ano em ações, espiritualidade e em fiéis?

Padre Anchieta: Primeiro é preciso fortalecer a vivência da espiritualidade da devoção aqui dentro. Hoje, contamos principalmente, com o uso de todas as formas de comunicação que dispomos aqui para falarmos da misericórdia. Internamente, procuramos dar destaque à programação anual do Santuário: Festa Nacional da Misericórdia, aniversário do Santuário, Grupo de Oração e Congresso Nacional.

Quais atividades paroquiais têm hoje e que os fiéis podem se engajar?

Padre Anchieta: Pelo fato de o Santuário também ser uma Paróquia, existem vários Movimentos e Pastorais, nos quais várias pessoas podem se dispor a serviço de edificação do Reino de Deus.

Como manter os voluntários comprometidos com as suas atuações dento do Santuário?

Padre Anchieta: A melhor maneira de manter um comprometimento no serviço a Deus na Igreja é fazer com que os voluntários adquiram cada vez mais, uma consciência do objetivo pelo qual se serve à Igreja.

Para os próximos anos, quais as novidades, tanto na estrutura quanto na evangelização, que os devotos podem esperar?

Padre Anchieta: Em termos de estrutura, grande é a expectativa sobre a continuidade das obras do Santuário, o centro de Evangelização que ampliará em muito as estruturas físicas e funcionais do Santuário. No que diz a respeito à evangelização, além das atividades internas, que precisam atendar as necessidades daqueles que procuram vir até aqui, pretendemos em breve retomar o trabalho com uma equipe de evangelização que saia em missão, divulgando a devoção à Divina Misericórdia.

Texto extraído da Revista Divina Misericórdia – edição 061 (julho/agosto  – 2018), págs 08 a 11