“Confio todas as pessoas falecidas à misericórdia de Deus e ao mesmo tempo expresso meu afeto e minha proximidade espiritual aos familiares e a toda a população do Estado de Minas Gerais”, disse Papa Francisco durante o Angelus deste domingo (27).

 

No Lar do Bom Samaritano Juaz Díaz, em Cidade do Panamá, no último dia da JMJ, o Papa Francisco recordou as vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), tragédia que ocorreu no final da manhã de sexta-feira (25). Pelo menos 58 pessoas morreram e 305 estão desaparecidas, segundo informações do Corpo de Bombeiros.

O Pontífice citou também a tragédia ocorrida no Estado mexicano de Hidalgo, onde a explosão de um oleoduto perfurado ilegalmente mantou até o momento 114 pessoas.

“Desejo expressar meus sentimentos de pesar pelas tragédias que atingiram os Estados de Minas Gerais, no Brasil, e Hidalgo, no México. Confio à misericórdia de Deus todas as pessoas falecidas. Ao mesmo tempo, rezo pelos feridos e expresso meu afeto e proximidade espiritual a seus familiares e a toda a população.”

Familiares de vítimas de moradores se unem em oração durante as buscas. Foto: Uarlen Valério

 

Solidariedade da CNBB

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também manifestou apoio às vítimas de Brumadinho, emitindo uma Nota de Solidariedade, na tarde de sábado (26), a respeito do fato ocorrido na sexta-feira.

Na nota, os bispos destacam que aquela tragédia recente e semelhante quando houve rompimento de outra barragem, em Mariana (MG), ensinou muito pouco.

Em nome do episcopado brasileiro, os bispos da presidência se unem aos familiares das vítimas e às comunidades para pedir: “As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça”.

A presidência manifesta estar unida também com toda a família arquidiocesana de Belo Horizonte e reforça o pedido do arcebispo, dom Walmor Oliveira: “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais”.

No final da Nota de Solidariedade, a Presidência da CNBB “oferece orações ao Senhor da Vida em favor das famílias, das comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte, atingidas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale. Convidamos cada pessoa cristã a se associar aos irmãos e irmãs que sofrem com a perda de seus entes queridos e de seus bens”.

Foto: Uarlen Valério

 

Leia a Nota, na íntegra:

 

NOTA DE SOLIDARIEDADE

Toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8, 22)

A tragédia em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, vem confirmar a profecia de São Paulo VI: “Por motivo de uma exploração que não leva em consideração a natureza, o ser humano começa a correr o risco de a destruir e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação (Discurso à FAO, (16/11/1970).

Por ocasião do “Desastre de Mariana”, também em Minas Gerais, o Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB afirmava que “é preciso colocar um limite ao lucro a todo custo que, muitas vezes, faz negligenciar medidas de segurança e proteção à vida das pessoas e do planeta” (25/12/2015). “O princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras considerações, é uma distorção conceitual da economia” (Laudato Sì, 195). Esse princípio destrói a natureza e a pessoa humana.

É muito triste constatar que o “desastre de Mariana” tenha ensinado tão pouco. É urgente que a atividade mineradora no Brasil tenha um marco regulatório que retire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente, com a consequente destruição da biodiversidade. “O meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos” (Laudato Sì, 95).

As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça.

Unidos à família arquidiocesana de Belo Horizonte, assumimos como nossas as palavras do seu Arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo: “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais. A justiça seja feita, com lucidez e sem mediocridades que geram passivos, com sentido humanístico e priorizando o bem comum, com incondicional respeito e compromisso com os mais pobres” (25/01/2019).

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expressa solidariedade e oferece orações ao Senhor da Vida em favor das famílias, das comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte, atingidas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale. Convidamos cada pessoa cristã a se associar aos irmãos e irmãs que sofrem com a perda de seus entes queridos e de seus bens.

A esperança de viver na “Casa Comum” anime os nossos passos, e a fé na ressurreição ilumine a nossa dor!

 

Brasília-DF, 26 de janeiro de 2019

Cardeal Sérgio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de Salvador
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

 

Fonte: Vatican News e CNBB


 

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A Defesa Civil informou que não há mais necessidade de enviar alimentos.

 

Doações em dinheiro

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