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Em mais uma demonstração de “tolerância seletiva” por parte dos radicais da cultura laica atual, a revista norte-americana Crisis publicou um artigo do qual extraio os seguintes trechos:

Em seu zelo por proteger os estudantes de quaisquer comentários ou opiniões que possam ferir os seus sentimentos, muitos professores da Universidade Marquette criaram “espaços seguros” em suas salas de aula, controlando todas as conversas para garantir que ninguém seja ofendido (…) A professora Cheryl Abbate deixou claro que a sala de aula não é lugar para que os estudantes questionem o valor do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Esse tipo de questionamento deve ser guardado para conversas privadas, para não ofender os outros (…) Um estudante abordou a questão com a professora depois da aula: “Eu não concordo com o casamento gay e gostaria de ser honesto quanto a isso”. A professora respondeu: “Ok, mas há algumas opiniões que não são adequadas, porque machucam”.

Quando o estudante respondeu que “desafiar esta proibição é meu direito como cidadão americano”, a professora Abbate replicou: “Bom, nesta aula você não tem direito a fazer comentários homofóbicos, racistas ou sexistas. Digo isso desde já: nesta aula, comentários homofóbicos, racistas e sexistas não vão ser tolerados. Se você não gosta, é mais do que livre para não frequentar esta aula”.

No “espaço seguro” criado pela professora Abbate, os alunos homossexuais têm o direito de não ser ofendidos, mas onde ficam os direitos de quem quer manifestar outros pontos de vista sobre a finalidade da sexualidade humana? Existe um espaço seguro para eles? Para a professora Abbate, é inquestionável a política de “espaço seguro” que só é segura para quem concorda com ela sobre o valor do “casamento” homossexual.

Ah, sim, um “detalhe”: a Universidade Marquette é uma universidade católica.

Bem-vindos à “tolerância” dos laicos radicais! No dicionário deles, “tolerância” significa que todos têm o direito de concordar com eles – e a obrigação também. “Viva e deixe viver” significa “Viva do jeito que nós mandamos”. Já “fanatismo” se aplica apenas a quem tem opiniões contrárias às das classes que eles consideram oprimidas. “Fóbicos” são só os que se opõem à sua agenda. E muito pouca gente vai questioná-los, por conta do pesado apoio da mídia laicista e da pressão onipresente para que todos sejam politicamente corretos.

O papa Bento XVI falava com frequência da “tirania do relativismo”. Essencialmente, isto significa que, quando uma cultura decide que não existe nenhuma base fundamental para a verdade (excluindo, portanto, não só a Escritura, mas também a lei natural), o resultado é que também não existe base real alguma para qualquer discussão ou para a deliberação sobre qualquer assunto. Assim, quem ganha não é quem se baseia na razão, mas quem grita mais alto ou quem tem mais poder, dinheiro, influência política ou tudo isso junto.

Num mundo relativista, o caminho a ser seguido não é o da razão e do respeito à lei natural (na filosofia), nem o dos princípios constitucionais (na política), nem o da Escritura e da tradição (na teologia). O caminho a ser seguido é o de ganhar poder e pôr em prática uma ideologia que exclui todos os pontos de vista opostos a ela.

As revoluções que se dizem inspiradas pelos ideais de “liberdade” inauguram, com frequência, reinados de terror: os que se acham oprimidos assumem o poder e viram opressores das pessoas que, segundo eles próprios, estão do lado “errado”.

A tirania do relativismo impõe um clima venenoso e perigoso, com pouco espaço para a discussão verdadeira e menos ainda para uma autêntica tolerância.

fonte: Aleteia

Pe. Charles Pope